Como relatou Martín Davids, tratador de chimpanzés do Zoológico de La Plata, Argentina, numa entrevista dada ao Canal do GAP no Youtube realizada dias atrás no Santuário de Sorocaba, os chimpanzés que estavam fora do recinto se negaram a entrar durante três dias quentes, condenando o grupo que estava no dormitório a suportar 72 horas de temperaturas acima de 32ºC. A rebelião dos que estavam fora e que compartilham a área externa – por falta de opção – de não entrar no forno que era o dormitório, até ficando sem comer (chamariz para eles entrarem), prova que os zoológicos pouco se importam com o bem-estar dos animais que lá hospedam e a única coisa que interessa é ser centro de diversão para os humanos.
A maioria das pessoas que visita zoológicos não sabe disso. Os animais são recolhidos quando termina o “expediente diurno”, para os seus cubículos ou dormitórios internos, onde passam 2/3 do tempo das 24 horas de sua existência. O que você vê é um animal ao ar livre, que pode se movimentar em território exíguo, mas tem certa liberdade. Porém, não acontece quando o público não está presente.
Os animais em zoológicos têm também sua biologia alterada – na grande maioria. Na natureza, os animais comem durante o dia e dormem a noite. No Zoológico, em geral, comem uma vez por dia, antes de dormir, e só voltam a comer no dia seguinte à noite. É uma necessidade para poder forçá-los a entrar no forno que é o seu dormitório, e no verão atual, em que o aquecimento global está se intensificando, os chimpanzés do Zoo de La Plata um dia decidiram não entrar.
Por que esta política? Um dia perguntei a um diretor de Zoológico aqui e a outro no exterior e me deram a mesma resposta: segurança. Existe o perigo de alguém – humano é claro – ajudá-los a fugir, ou eles – sozinhos – sem fiscalização e amparados na noite, tentarem fazê-lo por conta própria. Ou pior ainda: que humanos perturbados cometam suicídio se jogando no recinto de algum animal perigoso.
Isto indica mais ainda a necessidade de afastar os visitantes humanos dos zoológicos. Até os próprios funcionários dos mesmos agradeceriam, já que estão fartos de aturar tanta gente inconveniente, que termina infernizando a vida dos animais e dos próprios funcionários. Um zoológico sem visitação humana seria o ideal para o tratamento de animais resgatados, que precisam de paz, tranquilidade, amor e compaixão, o que os visitantes humanos nunca conseguirão dar.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, projeto GAP Internacional
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