Por Paula Borim, ANDA
Em 2016, o prefeito de Buenos Aires anunciou que o zoológico de 140 anos da capital argentina seria desativado e transformado em um ecoparque. A notícia animou os defensores do bem-estar animal, porém, dois anos após a promessa, a sensação de negligência em relação aos animais perdura.
Em julho deste ano, uma girafa de 18 anos, chamada Jackie, e um raro rinoceronte branco, chamado Ruth, morreram com um intervalo de apenas dez dias. Ativistas pelos direitos animais e o ex-diretor do zoo, Claudio Bertonatti, acreditam que ambas as mortes foram causadas por negligência da equipe.
Além das recentes mortes, 119 animais morreram entre o período que o zoo anunciou que encerraria suas atividades e 23 de junho de 2018. Outros 12 escaparam, 15 foram libertados e 241 foram transferidos durante esse tempo.
Mas, segundo Bertonatti, o ecoparque não está nem perto de corresponder às expectativas. O local atualmente está fechado para reformas até novo aviso e não possui previsão de término.
O zoo era uma das atrações turísticas mais populares da cidade, apesar de seus recintos extremamente pequenos e antigos, de sua proximidade a uma estrada barulhenta e de fatalidades amplamente noticiadas, como a do urso polar Winner, que morreu devido ao calor que fazia em dezembro de 2012 – a temperatura chegou aos 45,5 graus.
Recentemente Bertonatti apresentou uma declaração formal pedindo às autoridades que determinassem a causa das fatalidades. Uma autópsia confirmou que Jackie tinha cólica e úlcera perfurada no momento da morte, enquanto Ruth sofria de várias infecções. “Estas condições foram provavelmente o resultado de má gestão e estresse consequente das obras em andamento nos recintos”, afirmou Bertonatti. Em sua declaração, ele também chamou a atenção para vídeos feitos por informantes anônimos que mostravam ratos e baratas nos recintos.
“Na minha opinião, as infecções que causaram a morte de Ruth foram causadas pelos ratos e pelas condições insalubres dentro dos recintos”, disse a ativista dos direitos animais e coordenadora do SinZoo, um grupo ativista que promove a abolição dos zoológicos na Argentina, Malala Fontan. Ela também reforçou que os animais ficam expostos a muito estresse devido às reformas em andamento e às demissões de seus cuidadores habituais”.
No final de semana de julho, ativistas do SinZoo se reuniram em frente ao ecoparque em dois protestos pedindo “não mais mortes nem relocações [de animais] para outros zoos”.
“O zoológico de Buenos Aires fechou, mas os animais ainda permanecem atrás das grades”, disse Fontan. “Nada mudou lá, exceto o nome.”
Fonte: ANDA