Dias atrás, ONGs Norte-Americanas publicaram notícias destacando a vitória que significa o fato do órgão oficial do país reconhecer que os chimpanzés cativos estão na mesma situação de perigo de extinção que os de vida livre, que na realidade estão sendo realmente extintos.
Nós que analisamos mais objetivamente a situação, e que, já nos últimos 15 anos, temos visto como os órgãos do Governo Estadunidense tentam ganhar tempo para continuar usando os chimpanzés na tortura médica e em programas de entretenimento – fazendo anúncios de mudança que no fim, na prática não acontecem -, consideramos que “essa vitória” é mais uma notícia de efeito de marketing, para continuar tudo como está.
Quando o Instituto Nacional de Saúde (NIH) anunciou em 2013 que estaria aposentando todos os chimpanzés que controla e financia a manutenção, o mundo pensou que uma grande vitória tinha sido obtida.
Porém, a pura verdade é que alguns poucos foram enviados ao Santuário oficial, o Chimp Haven, na Louisiana, e o resto ficou onde está, com a possibilidade de em qualquer momento serem escalados para torturas médicas, para enfrentar qualquer nova doença que afete aos humanos.
O anúncio do NIH era falso no sentido de que junto com o mesmo não se começou a expandir a capacidade do Santuário oficial para receber as centenas de aposentados, fazendo com que o anúncio não tivesse fundamento. Quando questionado pelas ONGs, o instituto veio com o discurso de que era necessária uma autorização do Congresso para adequar o Santuário aos chimpanzés aposentados em seu poder. E continua pagando aos Centros de Tortura um valor aproximado de 56 dólares por dia para manutenção dos aposentados, que é um belo negócio para os que mantém centenas de chimpanzés engaiolados. A notícia agora vem do FWS – US Fish and Wildlife Service, que é um setor do Departamento Americano de Agricultura que cuida da fauna e de seu bem-estar.
Até dias atrás, os chimpanzés cativos eram qualificados como ameaçados (Threatened) e seus iguais em vida livre na África eram qualificados como em perigo (Endangered). Agora todos são igualados pela mesma palavra “Endangered“.
Os Estados Unidos é o país mais poderoso do Planeta, porém é o último, quase empatando com a China, a dar uma real proteção aos Grandes Primatas e aos animais em geral, que são submetidos a todo tipo de maus tratos, comercialização e exploração, sem que existam leis efetivas que os protejam.
Existes mais de 1000 chimpanzés nos Estados Unidos – em mãos oficiais e privadas – sem futuro nem destino. Steven Wise e seus colegas advogados tentam desesperadamente, em todas as instâncias da Justiça do país, que seja reconhecida a Personalidade Jurídica dos Primatas e que eles sejam libertados da exploração a que são submetidos; até agora, nada têm conseguido.
A semântica que o Governo agora alardeia como uma grande mudança, esperamos que não seja outro ledo engano a boa fé dos que sinceramente lutam para salvar a vida de centenas de inocentes, que possivelmente morrerão antes de ganhar a liberdade e pisar na grama que seu calabouço lhe nega.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
Veja a notícia completa do anúncio do US Fish and Wildlife Service (em inglês) em http://www.nytimes.com/2015/06/13/science/chimpanzees-endangered-fish-and-wildlife-service.html?_r=2