Visitantes Selvagens
postado em 30 jan 2008


A melhor prova de que a conscientização dos últimos anos na sociedade, de proteger o meio ambiente, a flora e a fauna, tem crescido muito também se deve a proliferação de animais silvestres em zonas de mata protegidas. Em nosso Santuário é proibido caçar, matar, pescar ou capturar qualquer animal que lá viva ou esteja de transite.
 
Nossos lagos estão cheios de peixes, patos selvagens e outras aves pescadoras que lá se alimentam. Em certa época do ano, lontras nos visitam a procura da comida aquática que os lagos oferecem. Quando íamos com os chimpanzés na mata, tivemos inúmeros encontros com animais silvestres, alguns relatados neste site. Nos encontramos com veados, capivaras, guaxinis, cobras, ouriços, gatos, lagartos, teiús, gaviões, tatus, gambás, corujas, urubus, lebres e por aí em diante.
 
Mais recentemente, tivemos casos de invasão de alguns desses habitantes da mata do Santuário nos recintos dos chimpanzés. Dias atrás uma lebre entrou no recinto de Alex, que tem um túnel de 200 metros de cumprimento e que o liga a outro recinto. Alex tentou pegá-la e armou uma gritaria tremenda, porém sem conseguir. No fim da semana passada foi o caso de um ouriço, que estava mimetizado dentro do recinto de Carioca, Tuca e Bruna, em um canto escondido. Quando fomos limpar a parte externa do recinto o achamos, antes que os chimpanzés tivessem localizado, o tiramos de lá e o soltamos na mata. Esse ouriço deve ser o mesmo que há dois anos tínhamos encontrado na mata, e espetou algumas agulhadas em um dos bebês chimpanzés, e mais tarde em um de nossos cachorros.
 
Nos recintos de cerca elétrica temos corujas que vivem permanentemente lá e têm seus ninhos com filhotes, e os chimpanzés não as perturbam. Temos também os quero-quero que também fazem ninhos, e quando nós ou um chimpanzé fica perto, fazem vôos rasantes sobre nós a fim de afastar-nos. Os chimpanzés aprenderam a respeitá-los e não mexem com eles e seus filhotes.
 
Semanas atrás achamos uma coruja morta no teto de um dos recintos, acho que ela tentou entrar no recinto murado de Carioca e este a pegou e a matou. Geralmente os chimpanzés quando matam algum visitante, seja um sapo, um rato ou um pássaro, geralmente, o jogam fora do recinto.
 
O convívio entre os primatas humanos e não-humanos, e o resto do reino animal, cada um respeitando seu espaço vital, é um exemplo que a humanidade tem cada dia mais que afirmar, porque é a única forma de manter este planeta, já doente, ao menos sobrevivente.
 
Dr. Pedro A. Ynterian
Notícias do GAP 30.01.2008