Visita a um Centro de Amor Humano Aos Primatas
postado em 03 mar 2005

No dia 21 de fevereiro passado, estivemos em Wauchula, um lugar quase perdido no centro do Estado da Flórida, nos Estados Unidos, onde vivem 16 chimpanzés e orangotangos, a maioria ex-artistas de filmes, teatro e centros de entretenimentos. O Centro dos Grandes Primatas (Center for Great Apes) foi fundado em 1993 por Patti Ragan, uma heroína nesta luta pela sobrevivência de nossos irmãos esquecidos.

Patti começou este projeto praticamente do nada; um criador de Grandes Primatas, que nem vale a pena mencionar o nome dele, deu a ela um orangotango com 17 dias do seu nascimento, quando ela trabalhava de voluntária em um zoológico e lhe pediu que cuidasse do primata. Quanto tinha menos de um ano de idade, o criador tirou o orangotango dela e o vendeu para ser explorado por outros seres humanos, que pouco tem de humano. Patti entendeu a mensagem que o destino lhe colocou e deu inicio ao seu projeto de resgate, com pouco dinheiro e muita vontade, criou o Santuário em uma pequena propriedade em Wauchula.Três Grandes Primatas fizeram parte do primeiro resgate e ela não parou até hoje. Os chimpanzés e orangotangos de Hollywood virão nos próximos meses e estão sendo construidos aceleradamente mais alojamentos para estes primatas.

Patti é uma sobrevivente, pois recentemente passaram dois furacões na região, que fizeram estragos em suas instalações, porém de onde também ela extraiu forças para continuar. Um daqueles furacões a obrigou junto com seus colaboradores ficar 24 horas junto com os chimpanzés e orangotangos, acalmando-os e atendendo-os, a fim de evitar pânico.

Patti tem um clube de 2000 membros que lhe dão suporte, e várias fundações e organizações lhe dão um intenso apoio financeiro, porém que nunca é suficiente. Casos dramáticos como o do chimpanzé Knuckles com sérios problemas de locomoção, criados quando ao nascer o cordão umbilical ficou enrolado em seu pescoço, e por isso pouco oxigênio chegou ao seu cérebro, criando um princípio de paralisia, especialmente no lado esquerdo de seu corpo. Técnicas em reabilitação vão com freqüência ao Centro, como voluntárias, para ajudar Knuckles ser normal. Observando ele andar com dificuldades em dois pés parte o coração de qualquer um. Ou o caso do orangotango fêmea Mari, ainda adolescente, sem braços, que anda em dois pés, produto de que sua mãe o mutilou ao nascer, por perturbações psicológicas fruto do sofrimento em cativeiro.

Aqueles que desejam saber mais sobre este empreendimento que é um exemplo para o mundo, podem acessar o site www.centerforgreatapes.org. Nós que vivemos o mesmo drama e compartilhamos da mesma missão de vida de Patti Ragan, saímos de lá confortados de que ainda no país mais poderoso do planeta, onde ainda centenas de chimpanzés ficam em laboratórios médicos, existem outros seres humanos que lutam por eles, e por seu resgate a uma vida digna e decente.