Vida no Santuário: A MÃE
postado em 03 out 2007

Neste início de primavera que mais parece inverno, os resfriados são comuns em humanos, que terminam também acometendo os chimpanzés. Quando em um grupo de chimpanzés um deles se resfria, os demais se contaminam quase de imediato, já que o contato entre eles é muito íntimo, e uns ajudam aos outros quando estão doentes. Guga e seu grupo ficaram resfriados dias atrás. Guga além de resfriado, estava com dor de ouvido e de cabeça, o que nos indicava com gestos. Começamos a medicá-los, porém Guga quando sente dor fica derrubado e só quer ficar deitado, e conosco por perto como qualquer criança humana.

Como ele estava no recinto aberto, eu lhe falei que fosse para o dormitório da Escolinha, que dá acesso à nossa casa, para que deitasse lá, que sua mãe humana ia chegar logo. Quando mencionei a mãe, aí ele se incorporou e foi para a Escolinha. Ela demorou duas horas para chegar e ele estava apreensivo, olhando pela janela quando escutava o motor de um carro. Até que em fim a mãe chegou! Como de costume a mãe se fez presente, o pai passa a ficar em segundo plano, e eu os deixei sozinhos, enquanto ia cuidar dos outros.

Tinha uma sopa de legumes do almoço, Guga tomou como se fosse um tesouro, assoprando já que estava quente e pediu que colocasse limão em cada colherada. Durante várias horas Guga curtiu estes momentos com sua mãe humana adotiva, que não é freqüente, já que ela deve dividir seu tempo com seus outros irmãos humanos e não-humanos, e não pode dar exclusividade a Guga, que sempre se considera o primeiro e o preferido. Ela mostrou revistas, cadernos, ambos desenharam figuras com canetas coloridas, e a dor do ouvido e da cabeça abandonaram aquele chimpanzé mitigado pela presença da mãe, que ele tanto ama.

Dr. Pedro A. Ynterian
Santuário de Sorocaba