Três veterinárias brasileiras – duas do Santuário do Paraná e uma de Sorocaba – estiveram no Santuário Chimfunshi, na Zâmbia, em outubro de 2013, para um curso de tratamento de chimpanzés, especialmente para anestesia.
Carolina, Camila e Milena
O curso foi conduzido por médicos veterinários especializados em chimpanzés, tanto da África como da Inglaterra e dos Estados Unidos. Durante 16 dias, 105 chimpanzés foram anestesiados e avaliados clinicamente, incluindo coleta de amostras de sangue, fezes, etc. para posteriores testes laboratoriais. Também foi comparado o estado do coração dos chimpanzés em cativeiro, vida livre e dos humanos. Existe uma preocupação pelas afecções cardíacas prematuras que atingem os chimpanzés em cativeiro.
Sheila Siddle e equipe
O Santuário de Chimfunshi é o mais antigo da África. A Zâmbia não tem chimpanzés em vida livre, porém, como está na fronteira com a República Democrática do Congo, frequentemente os traficantes cruzam a mesma para vender especialmente os bebês, que são capturados às vezes pelas autoridades ambientais da Zâmbia e são levados a este Santuário.
Neste Santuário, que vive de doações e da produção agropecuária da fazenda que o acolhe, existem quatro áreas onde moram quatro grupos de chimpanzés, como pode ser apreciado na foto aérea acima. Estas áreas estão rodeadas de cerca elétrica e têm dormitórios, onde muitos deles regressam no fim da tarde, são alimentados e pernoitam.
No extenso relatório que a Dra. Camila Gentile, veterinária do Santuário de Sorocaba, preparou para nós, consta uma informação interessante: o estado dentário dos chimpanzés africanos é péssimo, tanto os de vida livre como os de cativeiro. Inicialmente se pensava que os de cativeiro tinham uma dentição ruim, ainda jovens, porque tinham acesso a cana-de-açúcar e alguns sucos engarrafados doados eventualmente, mas os veterinários que tratam dos chimpanzés de vida livre reconhecem que os livres também padecem do mesmo problema dentário. Comparando com os nossos chimpanzés de Sorocaba, que têm acesso a alimentação com açúcar, a dentição está em ótima condição. Possivelmente o estado imunológico geral de nossos chimpanzés também é bem melhor que os africanos e por isso resistem muito mais a infecções frequentes que atacam aos africanos, que têm pouca resistência imunológica.
Este tipo de intercâmbio é de grande utilidade para entender a biologia e características dos chimpanzés, comparando-os com aqueles que nunca saíram do seu continente originário.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
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