Miracle Babies, destaque na BBC1 em 04/09/2011
“Eu não tenho dúvidas, em nenhum momento, sobre o envolvimento emocional e dedicação dos tratadores no cuidado dos animais. Mas bebês milagrosos – eu não acho. Os bebês que vimos são resultados de um extensivo envolvimento, supervisão e interferência de humanos, tanto antes como depois do nascimento. E o programa pareceu (nas palavras da crítica do The Guardian) ser apenas ‘uma desculpa para mostrar vários jovens animais bonitinhos’. Ele não questionou o que há de mais desafiador num assunto desse tipo – isso teria sido um milagre!
Isso é reproduzir espécies selvagens em cativeiro para cativeiro. Salvar espécies em zoológicos. Para que? Para ir pra onde? Alguns poucos comentários no fim do programa sugeriram que o futuro desses animais, de seus descendentes, na natureza pode ser problemático. Então estamos falando sobre o que a filósofa Mary Midgley definiu como ‘The Frozen Ark’ – um conceito de conservação que, simplesmente, não tem mais credibilidade.
Descrito nas chamadas de propaganda como ‘uma jornada pessoal e emocional pelo mundo da reprodução em cativeiro – trabalhando com animais a beira da extinção’, “Bebês Milagrosos” mal tocou na proposta por trás deste caro e invasivo trabalho ou desafiou sua probabilidade de sucesso. Se isso é o que o futuro reserva aos animais selvagens, é definitivamente deprimente. Considere os altos valores gastos nestes “milagres”. O que eles poderiam promover se fossem aplicados na conservação de espécies ameaçadas nos seus habitats na natureza, onde eles devem ficar?
Poucas semanas depois de a BBC ter anunciado o fim do Fundo para Vida Selvagem da BBC – um projeto curto que colocou algum dinheiro em lugares que eram mostrados – Bebês Milagrosos parece ser um passo para trás no comprometimento da BBC com uma programação inovadora e diferente (como essa série foi caracterizada por Kim Shillinglaw, editor de ciência e história natural do comitê da corporação).
O apresentador, Martin Hughes-Games, parecesse estar em permanente estado de euforia, mas talvez ele não esteja sendo incomodado por muros, grades, tubos e testes, e todo o resto. Ele nos contou que fez muitos filmes sobre a vida selvagem. Isso não reafirma nada nem faz com que eu sinta medo do que está por vir nos próximos programas da série. Embora a propaganda de “Bebês Milagrosos” tenha afirmado que o programa tem, ao mesmo tempo, seriedade e diversão, eu posso afirmar que olhar animais nascendo em zoológicos, e antecipando o fato de que viverão neles pelo resto de suas vidas, não é nem um pouco engraçado.
Virginia McKenna
Fundadora
Born Free Foundation”