Rachel Hogan acorda todos os dias às 05h30min.da manhã, com o barulho dos chimpanzés, geralmente um bebê chimpanzé ou gorila dorme agarrado em seus braços. Rachel de 31 anos de idade, natural de Birmingham, Inglaterra, chegou a República dos Camarões, como uma voluntária, em 2001, com uma perspectiva de ficar por 3 meses, ajudando ao CWAF (Fundo de Ajuda a Vida Silvestre de Camarões), e nunca mais voltou a sua terra natal.
Todos os pensamentos de voltar ficaram apagados quando o primeiro bebê gorila se acomodou em seus braços. Ela conta: “Ele não tinha pêlo e não tinha controle sobre suas pernas e braços, era como um recém-nascido humano. Esse dia foi que me apaixonei pelo que faço”. E continua: “Porém, estava aterrorizada. Não sabia o que fazer. O coloquei em meu peito, e o apertei o máximo possível contra meu corpo, e foi assim que ele permaneceu dois anos”.
Esse bebê gorila era Nkan Daniel. Durante as 24 horas do dia ela comia, dormia e brincava com Nkan, alimentando-o de hora em hora com mamadeiras. O único respiro dela era quando tomava uma ducha, e o bebê ficava pendurado em seu macacão. “Nkan padecia de pneumonia, durante 6 meses ficou tomando antibióticos, superou infecções intestinais de E.coli e de Shigella, que geralmente abatem os bebês símios. A noite seu corpo sofria espasmos, sem dúvida estava tendo pesadelos. Em três oportunidades pensou que morreria, porém conseguimos recupera-lo”.
Nkan hoje é um saudável gorila adolescente de seis anos de idade, com quase o peso e o tamanho de sua mãe salvadora Rachel Hogan.
Rachel vive uma vida dura, sem luxos. O café da manhã é um copo de chá com pão, o almoço um prato de arroz e feijão, e a janta um pacote de bolachas e uma banana. Ela acrescenta: “Eu já comi todas as folhas da floresta, para mostrar aos bebês e adolescentes como se virar na vida livre”.
Reintegrar os 15 gorilas jovens e os 63 chimpanzés à vida livre é um projeto, porém por enquanto não realizado, já que fora do Santuário, os caçadores, suas armadilhas e muitos perigos esperam por aqueles sobreviventes. Cinco milhões de toneladas de carne de animais selvagens são vendidas a cada ano procedentes de países da África Central e Ocidental. Rachel e sua equipe, agora de 21 pessoas, que inclui a veterinária Babila Thafon e a Diretora Talila Sivan, estão determinadas a terminar com essa prática canibalística dos humanos.
Rachel, como outras grandes mulheres que hoje dirigem Santuários na África, seguem os passos de outras exímias mulheres, que trilharam o caminho pela primeira vez, há várias décadas: Dian Fossey com seus gorilas da Montanha; Jane Goodall com seus chimpanzés de Gombe e Birute Galdikas com seus orangotangos de Borneo.
Aqueles grandes símios, que em 15 anos podem estar extintos de vários países da África Central e Ocidental, ainda têm uma esperança, já que existem mães humanas dispostas a lutar e dar suas vidas por eles.
Para mais informações visite o website http://www.cwaf.org/story-Nkan-Shai.htm