A Fundação Mona, na Espanha, tem um pequeno Santuário para manter os Chimpanzés recuperados de circos, lugares de entretenimento e de particulares que os exploram comercialmente. Uma tragédia aconteceu dias atrás quando durante um temporal, uma árvore danificou o recinto onde 5 deles se apavoraram e escaparam.
Anima Naturalis em seu site recolhe a consternação e a revolta de todos aqueles que lutam pela proteção dos Grandes Primatas, ante a tragédia na localidade de Riudellots de La Selva, na Catalunha Espanhola. Reproduzimos os fragmentos mais importantes daquele chamado de Anima Naturalis ao mundo: “Estavam assustados e o único desejo era manterem-se juntos e a salvo”. Porém, o desenlace desta história foi a morte de um deles por parte da polícia. O mataram porque “se converteu em agressivo”. Me pergunto se tivessem feito o mesmo se tratando de um paciente psiquiátrico, um doente com Síndrome de Down ou outra pessoa que parecesse irracional, produto do medo e da confusão.
Pepito morreu aos 17 anos de idade, depois de ser forçado desde pequeno a participar de espetáculos para divertir os humanos e de viver um curto tempo na Fundação Mona, onde conseguiu experimentar talvez pela primeira vez o contato com outros chimpanzés, com carinho e tranqüilidade que qualquer vida merece. Era um ser inteligente, que aprendeu de imediato a conviver com os demais do grupo. Segundo seus tratadores, a noite gostava de olhar as estrelas enquanto os outros dormiam, como um cuidador de seus sonos. Tinha uma personalidade doce e sociável, porém não perdia a ocasião de mostrar seu orgulho e fazer exibições de força frente a qualquer um que poderia significar uma ameaça para o grupo e sua família. Talvez isso foi o que sucedeu e o que motivou sua morte.
Pepito só queria proteger os seus irmãos, que procuravam refúgio, que fugiam dos barulhos desconhecidos da natureza e dos homens que os perseguiam. Um policial o matou porque o considerava agressivo demais. Temos o direito de matar um homem que consideramos agressivo demais, não importa que ele esteja desarmado, assustado e só? Não compreendo como podemos tomar decisões sobre a vida de um primata sem questionar-nos quanto à mínima reflexão ética, ou a mínima reflexão que nos indique que a morte de um ser sensível não é um mero trâmite que podemos esquecer quando regressamos a casa. Pepito morreu sem ódio, estou seguro disto, porque somos o único animal que pode odiar e este tipo de acontecimento me faz odiar a minha espécie mais que tudo no mundo. Que direito temos de aniquilar um ser que sabia escutar as estrelas? Que direito temos de tirar a vida de um ser que desejava continuar em paz com seu pai, Paquito e sua mãe, Romie? Por que consideramos “agressivo demais” alguém que só quer proteger seus semelhantes? Sem sequer temer a espécie mais desprovida de piedade que jamais tenha existido no planeta: o homem.
Além de Pepito outro Chimpanzé, que conseguiu ser sedado na captura, morreu mais tarde por excesso de anestésico.