Tráfico e bushmeat: perigo para o Parque Nacional Tai (COM VÍDEO)
postado em 23 set 2009

Por Serge K. Soiret, correspondente do GAP na África Ocidental, da Costa do Marfim 

O poderoso rio Cavally, de 700 km2, representa a fronteira natural no oeste entre a Libéria e a Costa do Marfim. O rio e seus afluentes banham quase 88% da área do Parque Nacional Tai. Nesta fronteira, que fica a 20 km a noroeste de Djouroutou, é conduzido um comércio de carne de origem selvagem.

Todo sábado, no alto do rio Cavally, moradores de várias aldeias perto do parque (Para, Karié, Béoué, Djouroutou etc) navegam para “abastecer” as atividades de bushmeat. Traficantes da Libéria vão de barco até a margem do rio no território da Costa do Marfim para vender para os residentes locais que procuram produtos para seus restaurantes ou para satisfazer suas necessidades de proteína animal.

As carcaças dos animais chegam aos consumidores disfarçadas em bolsas, cestas, sacos de papel e qualquer outra embalagem e o produto é transportado por bicicleta ou motocicleta. Após a venda, os liberianos compram, como o dinheiro que ganharam, no território da Costa do Marfim, produtos de primeira necessidade aos quais eles não têm acesso, como mandioca, banana etc. Esses liberianos, que vivem do outro lado do rio Cavally e ficam instalados na floresta em campings, vivem na miséria e a situação ficou pior com a guerra que aconteceu na Libéria em 1990. Como solução eles caçam para comprar o que eles precisam para sobreviver.

A carne de chimpanzee é rara neste Mercado. Para ter alguma, é necessário fazer um pedido/encomenda especial, de acordo com algumas pessoas que foram questionadas numa feira. Esse mercado de fronteiras de bushmeat deveriam forçar as nações do oeste da África a aprimorar suas políticas de conservação da biodiversidade.

Para informação: caçar é proibido na Costa do Marfim desde 1974, por conta de um decreto datado de 20 de Fevereiro do mesmo ano. Mas a caça é praticada de forma clandestina. No Parque Nacional Tai, que tem uma área de 457 mil hectares, não se vê desenvolvimento florestal. Duas zonas são reservadas, respectivamente, para ecoturismo (setor Djouroutou) e para pesquisas científicas (setor Taï).

Uma série de 5 vídeos sobre os problemas descrito neste artigo está disponível no site (clique aqui).