Os seres humanos neste mundo conturbado, cada vez mais praticam menos a solidariedade entre si e o individualismo é a regra do convívio. Talvez observando os chimpanzés possamos aprender a mudar o nosso comportamento, já que eles podem nos dar lições de como ser melhores. Vejamos este exemplo:
Acompanhamos um grupo de chimpanzés, quase que diariamente durante 1 hora, por um setor de mata do Santuário para que eles possam ficar em maior contato com a natureza e seus perigos. Dias atrás estávamos lá com Guga de 4 anos de idade, Carlos de 3 anos, Emílio de 3 anos e Cláudio de 2 anos. Eu fui para um lado da mata com Guga, Emílio e Cláudio, e uma tratadora foi com Carlos para outra parte.
Mais tarde como Carlos não aparecia, comecei a chamá-lo em voz alta por seu nome, já que tinha se perdido e em um momento fingi que estava chorando. Guga que cuida de todo o grupo, ficou desesperado e me puxava pelo braço para subir pela estrada e procurar Carlos. Eu resistia um pouco, continuei chamando-o e fingia chorar, até que decidi ir a sua procura, quando estávamos no meio do caminho, Carlos apareceu na parte superior da estrada. Guga correu ao seu encontro e Carlos também, ambos em dois pés e quando se encontraram abraçaram-se fortemente, dando tapinhas nas costas. Foi um abraço que acontece às vezes entre humanos que não se vêem há muito tempo e significa um gesto de carinho entre ambos. A tratadora que vinha logo atrás, juntou-se a eles e então Guga reclamou com ela através de gestos, indicando que tinha sido uma negligência e que Carlos foi colocado em perigo.
Isto aconteceu entre chimpanzés e nós fomos testemunha, algo que talvez poucas pessoas tiveram a sorte e o privilégio de ver. Na adversidade, no perigo e frente a qualquer inimigo, a solidariedade entre os chimpanzés é um vínculo muito intenso e forte, que os une solidamente.