Quatro vezes por semana, eu levo pela manhã o grupo de Guga (Cláudio 3 anos, Carlos 4 anos, Emílio 4 anos e Guga 5 anos) à uma área de mata do Santuário, onde ficamos durante uma hora. Quando chego, sento em um banco de madeira e com uma pedra escrevo no banco o nome de cada um deles e falo em voz alta, enquanto escrevo. Eles ficam perto e tentam escrever os nomes deles, como eu faço também no banco. Às vezes chegam primeiro que eu ao banco e começam a fingir que escrevem algo, copiando o que eu faço.
No dia 16 de agosto, recebemos a visita de uma equipe de reportagem do Canal Disney e durante três horas fez filmagens e nos entrevistou para um programa destinado a jovens telespectadores desse canal de TV Internacional. Após a filmagem, almoçaram conosco no Santuário e conversando sobre coisas que aconteceram lá, eu afirmei: ?se os chimpanzés tivessem a possibilidade de falar, estariam aqui sentados em volta desta mesa, contando suas experiências, seus desejos e suas ansiedades à vocês no lugar de nós estarmos fazendo isso por eles …?. Na verdade os chimpanzés têm uma grande limitação em seu desenvolvimento que é ausência da fala. Aqueles 0,6% de diferença em seu DNA em relação ao nosso, criou problemas anatômicos em seu corpo que os impede de falar e aprender através da comunicação oral e escrita. Inteligência eles têm de sobra. Por isso, talvez vários deles, quando nos escutam falando muito, se aproximam e nos tapam a boca, como se estivessem com inveja e frustração de que não conseguem fazer o mesmo para nos entender e ser entendidos.
Após conviver com chimpanzés por vários anos, temos uma grande certeza de que se eles pudessem se comunicar oralmente, sem dúvida não estaríamos cuidando deles hoje e possivelmente eles estariam tomando conta de nós como – mesmo sem falar – às vezes já o fazem.