Santuário GAP luta para cuidar de chimpanzé doente
postado em 17 jun 2009

(Matéria publicada no Diário de Sorocaba em 17.06.2009)

Alemão foi transferido para o zoológico de Sorocaba no último dia 10

O Santuário dos Grandes Primatas de Sorocaba luta para cuidar de um
chimpanzé que está doente no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de
Barros. O primata, chamado “Alemão”, chegou à cidade no último dia 10,
vindo do Parque Ecológico Cid Almeida Franco, de Americana, situada a
49 km de Sorocaba, diagnosticado com insuficiência renal e outras
complicações na saúde.

Com 32 anos, Alemão viveu no zoológico de Americana durante 18, antes
disso trabalhava em um circo, até ser apreendido pelo Ibama e levado
ao “Cid Almeida”. Seu caso virou polêmica em 2006, quando o GAP, ao
ter conhecimento da precariedade em que o animal se encontrava no
antigo abrigo, pediu a transferência, mas teve o pedido recusado.

Com o intuito de garantir a sobrevivência do primata e sua posse, a
Prefeitura de Americana reformou o espaço onde ele vivia;
infelizmente, após um ano da inauguração, o diagnóstico revelou que o
chimpanzé estava com diabetes e outras complicações na saúde. Foi
quando a necessidade da transferência não pôde ser mais adiada.

Ao contrário do que esperavam os biólogos do Santuário, a Prefeitura
de Americana enviou o primata para o zôo de Sorocaba por se tratar de
um local com referências quanto ao tratamento de animais com risco de
morte.

Para Luiz Fernando Leal Padulla, biólogo do Santuário, os chimpanzés
são primatas sociais que por natureza precisam do convívio de outros
da mesma espécie, e a forma como ele vivia no zoológico de Americana
foi a causa das doenças do animal. “Saliento que o isolamento do
primata e todas as condições de estresse em que ele sobreviveu durante
esses anos no zoológico, foram fatores prejudiciais à sua saúde”,
disse.

O biólogo cita ainda um caso que aconteceu em 2004, quando o zoológico
de Sorocaba pediu ajuda ao Santuário por causa de um primata que
apresentava elevado grau de estresse. “O zôo pediu para que
aceitássemos um de seus chimpanzés, pois este estava se mutilando em
frente do público e que, caso não ficássemos com ele, eles realizariam
eutanásia.” E conta como resolveram a questão. “Aqui ele foi tratado
com medicamentos durante quatro anos e hoje não apresenta mais esse
comportamento. O remédio ajudou muito, mas o grande trunfo nisso tudo
foi sua retirada do zôo onde ele ficava exposto, o que não lhe fazia
nada bem.”

Há 10 anos, o GAP cuida de animais que sofreram maus-tratos em
atividades de entretenimentos em circos e em exibições nos zoológicos.
Com o acompanhamento de uma equipe de biólogos e veterinários
exclusivos, os animais recebem tratamento diferenciado e pelo simples
fato de não ficarem expostos ao público, a recuperação se torna um
sucesso. “A exposição dos animais em circos e, até mesmo, em
zoológicos, gera traumas que, às vezes, são irreversíveis nos
animais”, afirma o biólogo. Atualmente, o Santuário abriga 49
chimpanzés, três leões, dois tigres e dois ursos.

De acordo com informações prestadas na última segunda-feira pela
equipe veterinária do zoológico Quinzinho de Barros ao zôo de
Americana, o estado de saúde do chimpanzé Alemão continua estável. O
último boletim, assinado pelo veterinário Adauto Nunes, relata que os
exames e sinais clínicos indicam severo comprometimento cardiopulmonar
com coração aumentado, pulmão com secreção e congestão crônica do
fígado, problemas provocados, provavelmente, pela idade avançada do
animal. “Durante a realização do exame de ultrassom, detectou-se
dilatação cardíaca e presença de líquido intratorácico”, diz a nota.
Uma punção foi feita para alívio da dificuldade respiratória, e o
procedimento sugeriu a presença de aderência entre o pulmão e a parede
do tórax e cistos pulmonares. Os profissionais não descartam a
possibilidade de neoplasia pulmonar.

Desde que o animal chegou ao Zoológico de Sorocaba, os veterinários
realizaram contenção química, hidratação, coleta de material,
ultrassom e raio x. Alemão apresentava tosse, queda de temperatura,
dificuldade para respirar e relutância em se movimentar sozinho,
permanecendo sempre deitado.

Novos leões devem chegar ao santuário

O Santuário GAP de Sorocaba receberá mais três leões. Os animais foram
confiscados pela Prefeitura de Xinguara, no sul do Pará, em abril,
quando os leões em péssimo estado de saúde desfilavam pela cidade para
promover a chegada do Circo Miami àquela localidade. Um parecer dos
médicos veterinários, Rafael Nery da Silva e Marcelo Milanezi Alves,
relata que quatro leões estavam em gaiolas ínfimas de 12,5 metros
quadrados e 9 metros quadrados, dois em cada uma.

Os leões possuíam feridas e traumatismo múltiplos nos corpos. Vivendo
praticamente em cubículos enferrujados, “onde se alimentam, dormem e
são transportados, sem terem um espaço maior para que possam se
locomover”. Além desta situação dramática, os animais não tinham
documentação de origem. O dono do circo alegou que a tinha perdido
quando uma barca afundou com seus pertences.

O Ibama do Pará, ante o laudo técnico da Prefeitura, ratificou o
confisco dos animais, que ficaram sob sua guarda. Duas semanas atrás,
o Projeto GAP recebeu o pedido do Ibama de Brasília para tentar dar
acolhida a estes animais. Uma leoa já tinha morrido, de nome Nathacha,
que era a mais velha do grupo.

O Santuário de Sorocaba não tinha recinto específico para leões, porém
poderia improvisar um recinto, que estava em construção para
chimpanzés, até construir um local apropriado no setor de felinos. O
Santuário já possui três leões, dois tigres e dois ursos, além dos
quase 50 chimpanzés.

O problema é o transporte até Sorocaba, já que dificilmente os leões
resistirão a uma viagem rodoviária. O Ibama está tentando conseguir o
transporte aéreo. Os três leões foram levados para o norte do Estado e
separados em jaulas individuais e medicados. Atualmente se encontram
na cidade de Parauapebas, sob controle do Ibama local.

LINK: http://www.diariodesorocaba.com.br/noticias/not.php?id=53699