Sansão: marcado para morrer?
postado em 20 jul 2011

CASO ZOONIT

Se algo causa arrepios sobre os descobrimentos feitos no processo de esvaziamento do Zoonit por ordem judicial é a situação dos leões que lá viviam. O Zoonit tinha seis leões, todos morando num cubículo com partes fechadas e abertas. A cada dois dias, de cada seis, dois deles tomavam sol; durante quatro dias os outros ficavam reclusos.

Todos aqueles leões estavam doente. O FIV (HIV felino) já corroia seus corpos, provavelmente transmitido pelos 100 gatos domésticos que irresponsavelmente lá moravam e circulavam por todos os lados. Na história tenebrosa e pouco conhecida do mundo dos zoológicos, nunca poderia imaginar que alguém permitisse que 100 gatos domésticos, muitos deles doentes, ficassem num espaço exíguo – 10.000 metros quadrados – em meio a dezenas de espécies exóticas e silvestres, sensíveis a muitas doenças desses animais e dos seres humanos que – sem restrições nem segurança – se aproximavam perigosamente daqueles seres inocentes cativos.

Sansão está conosco em Sorocaba. Temos outros 9 leões, todos procedentes de circos, Sansão é o único originário de um Zoológico. Ele não pode ver um humano que fica nervoso e começa a rugir. Os outros nove se comportam de forma diferente. Pensávamos que os chimpanzés eram talvez os mais afetados pelo assédio do público e pelo pouco espaço que os zoológicos lhe proporcionam, e por isso eram “pirados” e reagiam com agressividade ante a presença de humanos desconhecidos. Porém, Sansão também se comporta como um chimpanzé. Reage com violência ante a presença humana desconhecida, pelo trauma sofrido naquele zoológico miserável.

Sansão está possivelmente condenado à morte, o FIV o debilita, como o HIV enfraquece os humanos e os torna vulneráveis à qualquer doença ou infecção, que um ser normal resistiria. É triste ver o REI DA SELVA humilhado, violentado e sem defesas. Vamos cuidar dele, faremos o melhor possível para prolongar a sua vida e dar-lhe qualidade. Agora ele está protegido do público ignorante e de humanos que exploram estes seres extraordinários, que vivem numa sociedade cheia de leis e normas para proteger humanos, mas que tratam os animais inocentes mesquinhamente como meros objetos de sua cobiça.

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional

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