Roman: um guerreiro sem ódios
postado em 20 ago 2014

A sua história se remonta na selva africana. Nasceu em algum lugar próximo de 1966. Ele foi  caçado e seus pais possivelmente mortos. Um dia apareceu, em maio de 1975, na Base da Força Aérea de Holloman, no Estado do Novo México. De imediato foi colocado nos programas de tortura médica.

Em 22 anos foi anestesiado 225 vezes, coletaram seu sangue e seu fígado foi furado por biópsias em incontáveis ocasiões. Ele resistiu. Os gênios da Força Aérea, talvez, trabalhando para alguma multinacional privada, o usaram para testar uma vacina contraceptiva. Nunca conseguiram desenvolvê-la e de fato Roman teve 7 filhos.

Em 1997, a Força Aérea já estava sendo questionada publicamente por seus programas de tortura de grandes primatas e várias mortes acontecidas na Base Holloman. Ele foi transferido para talvez um local pior, a Fundação Coulston, perto da Base.

Em 2002 a vida mudou para Roman, já com 26 anos de idade e um corpo cheio de sequelas das torturas às quais tinha sido submetido. O Santuário Save the Chimps comprou as instalações da Fundação Coulston, já quebrada, e junto com 250 inocentes, lhe deu algum futuro de vida.

Roman terminou sendo transferido para a Flórida e foi incorporado ao grupo da família Kiley, onde era o mais idoso. Roman rapidamente ganhou o respeito e o carinho dos chimpanzés, e dos tratadores humanos. Torrie, uma de suas tratadoras, fala dele: “Os olhos de Roman sempre estavam cheios de pensamentos e de amor. Ele  foi o primeiro chimpanzé com quem estabeleci uma profunda relação de amizade. Eu amava Roman. Todos nós. Todos os que o conheceram terminavam amando-o. Ele era um cara especial. Sempre terá um lugar no fundo do meu coração”.

Roman e seu grupo tinham uma ilha espaçosa, com uma construção de madeira conhecida como o “salão”. Ele amava sua ilha, algumas noites dormia lá, banhado pela luz das estrelas.

Cedo, este ano, Roman parou de se alimentar, andava devagar. Ele não tomava remédios, já o tinham invadido em 22 anos de torturas. Era difícil tratá-lo. O seu coração estava fraco, ninguém sabia como tinha resistido tantos anos.

A direção do Santuário e seus tratadores decidiram deixá-lo à vontade. O que tinha que acontecer, aconteceria naturalmente. Salvá-lo artificialmente não era possível, nem ele o desejava. Ele queria passar para outro mundo, junto aos seus, sem trauma. Já sua vida estava cheia de dores e angústias. No dia 17 de junho ele foi embora deste mundo, com seu clássico olhar, de ser sábio e inteligente, sem ódio por aqueles que o fizeram tantos anos infeliz.

Dr. Pedro A. Ynterian

Presidente, Projeto GAP Internacional

Imagens de Kiley, Ritt e Roman; Roman e Kay, e Roman com sua família curtindo o salão

 

Kiley Ritt Roman 250 Roman & Kay 250 The Saloon 250