Macacos me Mordam!
Chimpanzés Surpreendem na Interação com os Humanos
Os grandes primatas reconhecem sua imagem em espelhos e fotografias, mandam beijos, entram em depressão e apreciam um ombro amigo. Por esses motivos é que os membros do Projeto GAP defendem os seus direitos
Por Maíra Lie Chao
O casal Pedro e Vânia Maria Ynterian tinha acabado de adotar Guga, um chimpanzé, que hoje tem 9 anos. Eles seguiam pela estrada quando uma carreta jogou o carro para fora da pista. “Então, quando eu gritei ‘Ai, meu Deus’, o Guga, que ainda era um filhotinho, apertou minha mão como se estivesse me passando segurança”,conta Vânia. A partir daí, a cada dia, me surpreendia mais com a inteligência dele. Toda manhã, ele ficava vendo eu fazer o café. O primeiro cafezinho, inclusive, era ele que tomava comigo. São essas e outras histórias que levaram o casal a questionar até que ponto Guga era apenas um mascote.
A convivência com o chimpanzé fez com que o casal abraçasse a causa dos direitos dos grandes primatas. Sempre que sabia que um animal estava sendo maltratado, eu pensava em Guga e no que acontecera se fosse ele que estivesse nessa situação, lembra Pedro. Ele não agüentou e procurou acolher as vítimas dos maus-tratos.
Hoje, o empresário investe grande parte do seu dinheiro nos 23 alqueires do Criadouro Velho Jatobá e Santuário GAP, em Sorocaba (SP). Passa pelo menos 12 horas por dia lá, cuidando dos chimpanzés. Depois de Guga, vieram mais 47, além de dezenas de sagüis, gibões e outros. Detalhe: Pedro sabe o nome de todos seus chimpanzés, bem como a personalidade de cada um.
Não por acaso, sua dedicação aos grandes primatas foi recompensada e Pedro foi nomeado presidente do Projeto dos Grandes Primatas, o GAP internacional do qual é filiado, tornando o Brasil a sede da instituição. Criado pelo filósofo Peter Singer em 1994, o GAP é um movimento ideológico em defesa dos direitos dos grandes primatas. Para quem não sabe, existem cinco tipo deles: o homem, os chimpanzés, os gorilas, os orangotangos e os bonobos (chimpanzés pigmeus).
A princípio, o GAP não se preocupa no resgate dos animais. Os membros do Brasil, contudo, participam da movimentação ideológica e recolhem aqueles animais que são maltratados e que não têm lar, dando-lhes todo o suporte e conforto. “O Brasil é o país mais ativo e mais atuante na defesa dos grandes primatas. É também o único que possui santuários relacionados ao GAP”, informa Pedro. Ao todo são quatro santuários familiares que abrigam 74 chimpanzés.
Pedro afirma que a convivência com esses animais faz qualquer um acreditar que eles são pessoas. O empresário também ressalta que a cada dia aprende mais com os chimpanzés, além de sempre se surpreender com a inteligência e a capacidade deles. “Outro dia estava brincando de casinha com o Guga. Peguei uma panela, coloquei gramas na água e fiquei cozinhando. No dia seguinte, quando cheguei para cumprimentá-lo, ele já tinha preparado a cozinha e estava mexendo a sopa de folhas., orgulhou-se a mamãe Vânia.
Nos santuários, os chimpanzés são acolhidos de zoológicos e circos, onde geralmente são torturados. Em circos, eles têm seus dentes arrancados, são castrados (para que não se tornem uma ameaça) e podem até desenvolver outras deficiências. Hulk, por exemplo, foi vítima dessas agressões. Quando o encontraram, ele estava cego devido a uma infecção nos olhos. Por sorte, seu antigo dono o vendeu a Pedro. Mais tarde, um oftalmologista o operou para que recuperasse parte de sua visão.
Há alguns anos, surgiram leis municipais que proíbem a entrada de circos com animais nas cidades – São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro, Curitiba são apenas algumas delas. Isso, somado à pressão de ONGs e da própria população, fez com que os proprietários de circo quisessem se desfazer dos animais. Então, negociavam os chimpanzés com os donos dos santuários. Hoje, a relação de Pedro e os proprietários de circos está light. No início, ele sofria ameaças de morte e até já foi vítima de um atentado. Quando comecei, em 2000, um chimpanzé custava em média US$ 15 mil a US$ 20 mil. Para um circo, era prejuízo vender sua fonte de renda, recorda.
Embora os chimpanzés sejam alvo de maus-tratos nos circos, o empresário garante que é nos zoológicos que eles sofrem mais. Ora por falta de companhia, ora pelo estresse de ficar exposto a desconhecidos. No circo, ele tem relação com uma pessoa, que chega a ser de amor, carinho. No zoológico, é tudo impessoal. E eles sofrem o assédio do público ignorante. Eles ficam oito a nove horas expostos a pessoas que não conhecem. Daí eles gritam, jogam coisas. Ficam num estresse tão grande que acabam pirados, explica Pedro.
Os chimpanzés são seres muito inteligentes. Colocá-los nessas condições é como prender um homem em uma jaula, argumenta o empresário. Todos os animais que foram diagnosticados com alto índice de depressão ou loucura vieram de zôos. Ao chegarem, tomam remédios homeopáticos, como Charles e Caco, que se auto-mutilavam (se mordendo e arrancando os pêlos dos braços) para chamar a atenção. Aqui tenho um hospício para os chimpanzés que resgatei e que nunca mais voltarão a ser normais. Consigo melhorar a qualidade de vida deles, mas serão loucos. É irreversível.
O que separa esses primatas de nós? Segundo a genética, apenas 0,6% do DNA. Essa pequena diferença os impede de falar, ler e escrever. Bom, eles podem até não pronunciar palavras como eu ou você, mas compreendem o que conversamos. Quando a veterinária Camila Gentile se aproximou de Vítor mostrando sua face ferida e dizendo Olha, me machuquei, o chimpanzé quis acariciar o rosto dela. Porém, por não ter controle de força, poderia machucar, sem querer, a médica. Não, Vítor, ainda está doendo. Não mexe, advertiu. Ele se aproximou de uma bochecha arranhada de Camila e lhe deu um beijo.
Eles nos compreendem muito bem. Há vezes em que chego perto das grades com uma garrafa de refrigerante. Então, eu falo sozinha – pensando alto – não encontro copo por aqui. Logo um deles já traz um copo, diz Vânia.
E tem mais: esses animais são tão inteligentes que reconhecem a si mesmos e outros primatas em espelhos e fotografias. Billy, outro chimpanzé do santuário, sentou-se em uma mesinha perto da grade e pediu para ver as fotos que nossa fotógrafa tirou. Karime as mostrou na própria máquina e Billy só faltou dar piruetas de alegria. Para agradecê-la, deu-lhe um beijo estralado na bochecha.
Devido a esses comportamentos humanos, Selma Mandruca, presidente do GAP Brasil e proprietária de um santuário em Vargem Grande Paulista, defende os chimpanzés juridicamente com uma denominação diferente: seres humanizados. Ela justifica que eles não são animais domesticados, como um cão ou um gato, tampouco podem ser chamados de homens. Em nome do GAP, Selma está assessorando o caso do habeas-corpus de duas chimpanzés, Megh e Debby, de 3 e 4 anos respectivamente.
Esse recurso jurídico foi usado pela primeira vez para um primata em 2005. A chimpanzé Suíça, de 23 anos, entrou em crise após a morte de seu companheiro no zoológico. Como os chimpanzés são seres sociais e não conseguem viver sozinhos, Suíça começou a ter distúrbios mentais e recebeu um habeas-corpus para sair do local e morar em um santuário junto a outros de sua espécie. Infelizmente, ela faleceu um dia antes de ser liberada.
A história de Megh e Debby é diferente. Elas nasceram no Zoológico Paraíso Perdido, em Fortaleza, que foi fechado pelo Ibama em 2006. As bebês foram doadas a Rubens Forte, que as levou a Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Mas o Ibama alegou que a documentação do transporte não estava regular e que não tinha aprovado o santuário. Forte, então, transferiu o santuário para Ibiúna, que foi aprovado pela instituição. A partir daí, a propriedade tem sido alvo de processos.
Para não perder a guarda das chimpanzés, Rubens entrou com um pedido de habeas-corpus em um Tribunal Regional de Justiça, que foi negado. Para piorar, uma desembargadora ordenou a reintegração das chimpanzés na natureza – o que é uma sentença de morte para elas. Primeiro de tudo, porque o habitat dos chimpanzés é a África. Segundo, porque elas nasceram em cativeiro e não sobreviveriam na floresta. Diante desse impasse, Rubens entrou com um pedido de habeas-corpus no Superior Tribunal de Justiça. Nesse processo, um dos ministros se prontificou em analisar melhor a situação.
Segundo o GAP, esse fato abre a discussão dos direitos dos grandes primatas. Como o habeas-corpus é um recurso dado a humanos, se ele for concedido, o executivo responsável estará reconhecendo que os chimpanzés são seres humanizados. Com isso, ficarão proibidos a tortura, o aprisionamento, o uso comercial e as experiências em que eles são usados como cobaia.
Esse é o maior objetivo do GAP, pois, como seres humanizados, os chimpanzés têm direitos que não estão sendo respeitados, diz Selma. Depois disso, teremos uma argumentação legal sempre que virmos alguma injustiça aplicada a um deles. A definição do caso está prevista para o início do ano.
Pedro Ynterian antecipa que na Justiça existem pessoas contra, a favor e em dúvida. Geramos uma dúvida na cabeça de muita gente e era exatamente isso o que queríamos. Temos um debate e dele vai sair uma conclusão muito melhor do que a que temos hoje (que o animal não tem nenhum direito), afirma. Hoje, é o chimpanzé que é praticamente humano. Amanhã, vai ser o resto dos animais. Com o tempo todos eles terão que ser respeitados.
Diferença é pequena
A diferença entre o DNA dos homens e o do chimpanzé é pequena. Mas nesses poucos genes está a diferença entre uma espécie dominante e uma em via de extinção. Eles possibilitam que nossa espécie fale; em outros animais, porém, possibilitam apenas a emissão de sons, como grunhidos e gritos, no caso daqueles que seriam nossos ancestrais.
Cientistas alemães descobriram no gene FOXP2, presente em todos os mamíferos, uma particularidade que pode ter levado a uma importante mutação, milhares de anos atrás. Ainda não se conhece direito a função desse gene, mas, nos símios examinados (chimpanzés, gorilas e orangotangos) a seqüência de aminoácidos é quase idêntica e as proteínas têm estruturas equivalentes. No homem, porém, a mutação de duas únicas bases azotadas (matéria-prima do gene) leva a uma proteína diferente, que poderia ter inclusive uma função distinta da original.
Mais tarde, num estudo com um grupo de pessoas que apresentavam defeitos nesse gene, os cientistas descobriram que elas tinham problemas para dizer certas palavras – em geral não conseguiam pronunciá-las ou não fixavam a seqüência correta dos seus fonemas. Concluiu-se, então, que o FOXP2 deve ser um gene envolvido na produção da palavra, em particular nos delicados movimentos musculares necessários para falar. Não é o gene da linguagem, pois esse processo é muito mais complexo do que pronunciar palavras, mas seguramente é um gene associado importante que se formou nos últimos 200 mil anos, quando o Homo sapiens começou a espalhar-se pelo mundo.
Também os cientistas da Universidade de Detroit (EUA) examinaram uma centena de genes de homens, chimpanzés e outros animais e chegaram à conclusão de que, de fato, os chimpanzés estão muito mais próximos ao homem, do ponto de vista do DNA, do que os outros animais.
Os genes estudados foram somente aqueles que levam à produção de proteínas, chamados genes codificantes. A distância genética entre os homens e os chimpanzés se revelou tão pequena que os dois deveriam ser classificados na mesma espécie – algo como o Homo macacus, se o latim assim permitisse. A regra nas classificações zoológicas é que duas espécies com um ancestral comum a ambas devem partilhar o mesmo gênero. E a tal distância genética é tão curta que só pode ser explicada pela existência de um ancestral comum.
Em outras palavras, se os chimpanzés são nossos primos, então temos os mesmos avós em algum momento de nossa árvore zoológica. Os cientistas consideram que esse momento se situa há cerca de 6 milhões de anos. Por essa época, os homens e os chimpanzés se separaram dos gorilas. Antes disso, homens, chimpanzés e gorilas se separaram dos orangotangos. Com os gorilas, portanto, teríamos bisavós em comum e com os orangotangos, tataravós. Mas como esses estão mais distantes, a vizinhança genética não nos obrigaria a incluí-los no gênero Homo.
Enquanto gorilas são mal encarados e orangotangos bagunceiros, os chimpanzés são carinhosos, alegres e calmos. Chimpanzés gostam de colo como nossos bebês, abraçam como se não vissem há anos os tratadores que estiveram ontem com eles. E gostam de aprender coisas novas. Um chimpanzé é capaz de memorizar as figuras expostas em uma tela e associá-las às palavras que as identificam. Flor, árvore, cadeira, mesa – pode-se nomear qualquer figura da tela que o chimpanzé, depois que aprende, aponta-a sem errar. Podem ser figuras abstratas também, como o triângulo, ou símbolos, como o triângulo dentro de um círculo. Para confirmar, as figuras são trocadas de posição e o chimpanzé continua acertando.
Não é tudo. No centro Great Ape Trust, em Iowa (EUA), a doutora Sue Savage-Rumbaugh e sua equipe desenvolvem estudos com chimpanzés bonobos – uma espécie de menor estatura, por isso chamado chimpanzé pigmeu, oriundo do Congo, na África. O centro é uma escola em que os alunos são os bonobos, em diversos níveis de aprendizado. As salas de aula reproduzem secções de matas semelhantes às do Congo. Na área externa há uma floresta parecida ao habitat natural desses chimpanzés. Num vídeo produzido nessa mata, um bonobo é levado por seu professor a um piquenique.
Numa clareira, o professor pede que o chimpanzé prepare o fogo, em que serão assados espetos com pedaços de queijo. Ele começa a catar galhos e gravetos. Quebra os galhos maiores em dois, estalando-os nos joelhos com a precisão de um homem. Faz um montinho com eles, juntando folhas secas e papel entregue pelo professor. Quando está tudo pronto, chega no professor e remexe no bolso de sua calça até achar um isqueiro. Põe fogo no papel, acendendo e apagando o isqueiro sucessivas vezes, para não queimar os dedos, e logo os gravetos estão ardendo.
Quando o fondue está pronto, o professor oferece um espeto ao chimpanzé, que o recusa por estar fumegante, mas em seguida assopra o queijo para esfriá-lo antes de comer. Na hora de ir embora, o bonobo pega um balde, enche-o de água e apaga o fogo, com o cuidado de não deixar nenhuma brasa acesa. Depois, vai para o carro, um tipo de buggy, senta ao volante, põe a marcha e some na mata, deixando o professor para trás.
Mas não só as semelhanças entre os homens e os chimpanzés espantam. Os orangotangos de Sumatra, Bornéu e da Malásia também são capazes de mostrar que por pouco não são gente. Já foram identificados 24 exemplos de transmissão cultural entre eles. Uma de suas heranças culturais mais espantosas é que, depois de comer, os orangotangos limpam a boca com as folhas das árvores. Também as utilizam para beber água, fazendo uma concha com elas. E sabem que, para amplificar o som, basta levá-las até a boca e gritar. Fazem isso também com as mãos, colocando-as em forma de concha na frente da boca, como nós quando queremos chamar alguém.
Orangotangos sabem utilizar instrumentos para comer e beber. A fruta da neesia, uma árvore de grande porte do sudeste asiático, tem a casca cheia de espinhos, mas seu suco é irresistível. Para sugá-lo sem se espetar, os orangotangos perfuram a fruta com um pauzinho e chupam o suco que escorre por ele. Os orangotangos correm risco de ser extintos devido à devastação das florestas da região. Como os chimpanzés e gorilas, não sabem dizer falar. Mas têm muita história para contar ao Homo sapiens.
Revista Planeta – Janeiro/ 2009 – Edição 436 – Páginas 30 à 35
MONOS ME MUERDAN!
CHIMPANCÉS SORPRENDEN EN LA INTERACCIÓN CON LOS HUMANOS
Los grandes primatas reconocen su imagen en espejos y fotografias, mandan besos, entran en depresión y aprecian un hombro amigo. Por esos motivos es que los miembros del Proyecto GAP defienden sus derechos.
Por Maira Lie Chao
La pareja Pedro y Vania Maria Ynterian habían acabado de adoptar a Guga, un chimpancé, que hoy tiene 9 años. Ellos seguían por la carretera, cuando un camión empujó su carro para fuera de la pista: Entonces, cuando grité: Ay, mi Dios, Guga, que todavía era un bebito, apretó mi mano como si me pasase la seguridad que nada iba a suceder, cuenta Vania. A partir de ahí cada día me sorprendía con la inteligencia de él. Todas las mañanas él se quedaba junto a mí, viéndome hacer café. El primer cafecito era Guga quién tomava conmigo diariamente. Son esas y otras historias que los llevaron a preguntarse hasta qué punto Guga era una mascota solamente.
La convivencia con el chimpancé los llevó a abrazar la causa de los derechos de los grandes primatas. Siempre que sabía que un animal estaba siendo maltratado, yo pensaba en Guga y en lo que sucedería si fuese él quién estuviese en esa situación recuerda Pedro. Él no aguantó y comenzó a acoger a las victimas de los malos tratos.
Hoy, el empresario invierte gran parte de su dinero en los 23 alqueres ( aproximado 500.000 metros cuadrados) del Criatorio Velho Jatoba y el Santuario del GAP en Sorocaba, Estado de S. Paulo. Pasa por lo menos 12 horas del día en el mismo, cuidando de los chimpancés. Después de Guga vinieron más 47, además de decenas de monos saguis, gibones y otros. Detalle: Pedro sabe el nombre de todos sus chimpancés, así como la personalidad de cada uno de ellos.
No por acaso, su dedicación a los grandes primatas fue recompensada y Pedro fue nombrado Presidente del Proyecto de los Grandes Primatas, el GAP Internacional del cual es afiliado, convirtiendo al Brasil en la sede de la institución. Creado por el filosofo Peter Singer en 1944, el GAP es un movimiento ideológico en defensa de los derechos de los grandes primatas. Para quién no sabe, existen cinco tipos de ellos: el hombre, los chimpancés, los gorilas, los orangutanes y los bonobos (chimpancés pigmeos).
Al principio el GAP no se preocupa con el rescate de los animales. Los miembros del Brasil, de todas formas, participan del movimiento ideológico así como recogen aquellos animales mal tratados y que no tienen un hogar, dándoles todo el apoyo y cuidados necesarios. El Brasil es el país más activo y actuante en la defensa de los grandes primatas. Es también el único que posee santuarios relacionados al GAP, informa Pedro. En total son cuatro santuarios familiares que abrigan 74 chimpancés.
Pedro afirma que la convivencia con estos animales hace a cualquier persona creer que ellos son personas. El empresario también insiste que cada día él aprende más con los chimpancés, además de siempre sorprenderse con la inteligencia y capacidad de ellos. El otro día estaba jugando de casita con Guga. Agarré una olla de juguete, coloqué hierba con agua y me quedé cocinando. Al día siguiente, cuando llegué para saludarlo, ya él había preparado la cocina y estaba haciendo una sopa de hojas, se orgulla la mama Vania.
En los santuarios, los chimpancés son recibidos de zoológicos y circos, donde generalmente son torturados. En circos, ellos les arrancan los dientes, son castrados (para que no se conviertan en una amenaza) y pueden llegar a desarrollar otras deficiencias. Hulk, por ejemplo, fue victima de esas agresiones. Cuando lo encontraron, ya estaba ciego debido a una infección en los ojos. Por suerte, el antiguo dueño se lo vendió a Pedro. Más tarde, un medico oftalmólogo lo operó para que recuperase parte de su visión.
Hace algunos años, surgieron leyes municipales que prohíben la entrada de circos con animales en las ciudades – Sao Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro y Curitiba, son algunas de ellas (más de 50). Eso, junto con la presión de organizaciones ambientales (ONG’s) y de la propia población, hizo que los propietarios de circos quisiesen deshacerse de los animales. Entonces, negociaban los chimpancés con los dueños de los Santuarios. Hoy, la relación de Pedro y los dueños de los circos está light. Al principio, él sufría amenazas de muerte y hasta ya fue victima de un atentado. Cuando comencé, en 2000, un chimpancé costaba en media de US$ 15 mil a US$ 20 mil. Para un circo, era un perjuicio vender su fuente de dinero, recuerda.
A pesar de los chimpancés ser motivo de los malos tratos en los circos, el empresario garantiza que es en los zoológicos que ellos sufren más. Una vez por falta de compañía, otra por stress de quedar expuestos a desconocidos. En el circo, ellos tienen relación con una persona, que puede llegar a ser de amor y cariño. En el zoológico es todo inpersonal. Y ellos sufren el asedio del publico ignorante. Se quedan de 8 a 9 horas diariamente expuestos a personas que no conocen. De ahí, les gritan, le tiran cosas. Se quedan en un stress tan grande, que terminan enloquecidos, explica Pedro.
Los chimpancés son muy inteligentes. Colocarlos en esas condiciones es como aprisionar un hombre en una jaula, argumenta el empresario. Todos los animales que fueron diagnosticados con alto índice de depresión o locura vinieron de zoológicos. Al llegar, toman medicina homeopática, como los casos de Caco y Charles, que se auto-mutilaban (se mordían y se arrancaban pelos de los brazos) para llamar la atención. Aquí lo que tengo es un hospicio para los chimpancés que rescaté y que nunca más regresarán a la normalidad. Consigo mejorar la calidad de vida de ellos, mas siempre serán locos. Es irreversible”.
Lo que separa a esos primatas de nosotros? Según la genetica, solo 0,6% del DNA. Esa diferencia pequeña los impide de hablar, leer y escribir. Bueno, ellos pueden hasta no pronunciar palabras como Ud y yo, más comprenden lo que conversamos. Cuando la veterinaria Camila Gentile se aproximó de Vitor mostrando su cara herida y diciendo Mira, me herí, el chimpancé quizo acariciar el rostro de ella. Sin embargo, por no controlar su fuerza, podría hasta herir sin querer a la medica. No, Vitor todavía está doliendo. No toque ahí, le advirtió. Entonces, él se aproximó de la mejilla herida de Camila y le dió un beso.
Ellos nos comprenden muy bien. Hay veces que llego cerca de la reja con una botella de bebida. Entonces, habló en voz alta conmigo mismo – pensando en voz alta – no encuentro un vaso por aquí. Rapidamente, uno de ellos se aparece con un vaso, dice Vania.
Y hay más: esos animales son tan inteligentes que se reconocen a sí mismo y a otros primatas, en espejos y en fotografias. Billy, otro chimpancé del santuario, se sentó en una mesita cerca de la reja y pidió para ver las fotos que nuestra fotógrafa tiró. Karime las mostró en la propia maquina y a Billy solo le faltó dar saltos de alegría. Para agradecerla, le dio un beso sonado en la mejilla.
Debido a esos comportamientos humanos, Selma Mandruca, presidente del GAP Brasil y propietaria de un santuario en Vargem Grande Paulista (en el estado de S. Paulo), defiende a los chimpancés jurídicamente con una denominación diferente: seres humanizados. Ella justifica que ellos no son animales domesticados, como un perro o un gato, tampoco pueden ser llamados de hombres. En nombre del GAP, Selma está asesorando el caso del habeas corpus de dos chimpancés, Megh y Debby, de 3 y 4 años, respectivamente.
Ese recurso jurídico fue usado por la primera vez para un primata en 2005. La chimpancé Suiza, de 23 años, entró en crisis después de la muerte de su compañero en el zoológico. Como los chimpancés son seres sociales y no consiguen vivir solos, Suiza comenzó a tener disturbios mentales y recibió un habeas corpus para salir del local e ir a vivir en un santuario junto a los otros de su especie. Infelizmente, ella falleció un día antes de ser libertada.
La historia de Megh y Debby es diferente. Ellas nacieron en el zoológico Paraíso Perdido en Fortaleza (Nordeste del Brasil), cerrado por el IBAMA (Organo Ambiental Brasilero) en 2006. Las bebes fueron donadas para Rubens Forte, que las llevó para Ubatuba, en el litoral norte de S. Paulo. Mas el IBAMA alegó que la documentación de transporte estaba irregular y que no había aprobado previamente el santuario. Forte, entonces, transfirió el Santuario para la ciudad de Ibiuna (también en el estado de S. Paulo, en local aprobable), que fue aprobado por la institución. A partir de ahí, la propiedad ha sido objeto de procesos.
Para no perder la custodia de los chimpancés, Rubens entró con un pedido de habeas corpus en un Tribunal Regional de la Justicia, que fue negado. Para empeorar la situación, una juez ordenó la reintegración de los chimpancés a la naturaleza – lo que es una sentencia de muerte para ellas. Primero, porque el habitat de los chimpancés es en Africa. Segundo, porque ellas nacieron en cautiverio y no sobrevivirían en la selva. Delante de ese conflicto, Rubens entró con un pedido de habeas corpus en el Tribunal Superior de Justicia. En ese proceso, uno de los ministros se pronunció que era mejor analizar con cuidado la situación.
Según el GAP, ese hecho abre la discusión de los derechos de los grandes primatas. Como el habeas corpus es un recurso dado a los humanos si el mismo es concedido, el ejecutivo responsable estará reconociendo que los chimpancés son seres humanizados. Con eso, se prohibirá que sean torturados, encarcelados, usados comercialmente y en las experiencias medicas como cobayos. “Ese es el objetivo mayor del GAP, pues como seres humanizados, los chimpancés tienen derechos que no están siendo respetados”, dice Selma. Después de eso, tendremos siempre una justificativa legal cuando veamos alguna injusticia ser aplicada con alguno de ellos. La definición de este caso está prevista para este año.
Pedro Ynterian anticipa que en la Justicia existen personas contra, a favor, y dudosas. Generamos una duda en la cabeza de mucha gente y eso era exactamente lo que queríamos. Creamos un debate y del mismo va a salir una conclusión mejor de la que tenemos hoy (que el animal no tienen ningún derecho), afirma. Hoy, es el chimpancé que es practicamente humano. Mañana van a ser el resto de los animales. Con el tiempo, todos tendrán que ser respetados.
LA DIFERENCIA ES PEQUEÑA
La diferencia entre el DNA de los hombres y de los chimpancés es pequeña. Mas en esos pocos genes está la diferencia entre una especie dominante y una en vías de extinción. Ellos permiten que nuestra especie hable: en otros animales, sin embargo, solo es posible la emisión de sonidos, como gruñidos y gritos, en el caso de aquellos que serían nuestros ancestrales.
Cientistas alemanes descubrieron en el gen FOXP2, presente en todos los mamíferos, una particularidad que puede haber llevado a una mutación importante millares de años atrás. Todavía no se conoce exactamente la función de este gen, pero en los simios examinados (chimpancés, gorilas y orangutanes), la secuencia de los aminoácidos es casi idéntica y las proteínas tienen estructuras equivalentes. En el hombre, no obstante, la mutación de las dos únicas bases acetiladas (materia prima del gen) lleva a una proteína diferente, que podría tener una función distinta de la original.
Más tarde, en un estudio con un grupo de personas que presentaban defectos en ese gen, los cientistas descubrieron que tenían problemas para decir ciertas palabras – en general, no conseguían pronunciarlas o no la fijaban en la secuencia correcta en sus frases. Se concluyó, entonces, que el FOXP2 debe ser un gen envuelto en la producción de palabras, en particular, en los movimientos musculares delicados necesarios para hablar. No es un gen del lenguaje, ya que este es un proceso más complicado que la mera pronunciación de palabras, pero es un gen asociado importante que se formó en los últimos 200 mil años, cuando el Homo sapiens comenzó a se propagar por el mundo.
También los cientistas de la Universidad de Detroit (USA) examinaron una centena de genes de hombres, chimpancés y otros animales y llegaron a la conclusión de que los chimpancés están mucho más próximos a los hombres, desde el punto de vista del DNA, de que de otros animales. Los genes estudiados fueron solo aquellos que llevan a la producción de proteínas, llamados genes codificantes. La distancia genética entre los hombres y los chimpancés se reveló tan pequeña que ambos deberían ser clasificados en la misma especie – algo así como Homo macacus, si el latín así lo permitiese. La regla en la clasificación zoológica es que dos especies con un ancestral común a ambas deben compartir el mismo genero. Y la tal distancia genética es tan corta que solo puede ser explicada por la existencia de un ancestral común.
En otras palabras, si los chimpancés son nuestros primos, entonces, tenemos los mismos abuelos en algún momento en el árbol zoológico. Los cientistas consideran que ese momento se sitúa en cerca de 6 millones de años atrás. Por esa época, los hombres y los chimpancés se separaron de los gorilas. Antes de eso, hombres, chimpancés y gorilas se separaron de los orangutanes. Con los gorilas, por tanto, tendríamos bisabuelos en común y con los orangutanes tatarabuelos. Pero como esos están tan distantes, la cercanía genética no nos obligaría a incluirlos en el genero Homo.
En cuanto los gorilas hacen mala cara y los orangutanes hacen confusión, los chimpancés son alegres, cariñosos y tranquilos. Chimpancés quieren el regazo de la madre como nuestros bebes, abrazan como si no te hubieran visto hace años a los tratadores que los ven todos los días y les agradan aprender cosas nuevas. Un chimpancé es capaz de memorizar los diseños expuestos en una pantalla y asociarlos con imágenes que los identifican. Flor, árbol, mesa – se puede nombrar cualquier figura en la pantalla que el chimpancé, después que la aprende, la señala sin errar. Pueden ser figuras abstractas también, como círculos o símbolos, como un triangulo dentro de un círculo. Para confirmar, las figuras son cambiadas de posición y el chimpancé continua identificándolas.
No es todo. En el centro del Great Ape Trust of Iowa (USA), la Dra. Sue Savage-Rumbaugh y su grupo desarrollan estudios con chimpancés bonobos – una especie de menor estatura procedente del Congo, en África. El centro es una escuela donde los alumnos son los bonobos, con varios niveles de aprendizaje. Las salas de estudio reproducen secciones de la selva semejantes a las del Congo. En el área externa hay un bosque parecido al habitat natural de esos chimpancés. En un video producido en ese bosque, un bonobo es llevado por su profesor a un paseo.
En un claro del bosque, el profesor le pide que el primata prepare el fuego en el cual serán asadas porciones de quesos. Él comienza a reunir ramas y hojas. Quiebra las ramas mayores en menores, usando la pierna como soporte, con la misma precisión de un hombre. Hace un monte con ellos, juntando hojas secas y el papel dado por el profesor. Cuando está todo listo llega el profesor y busca en el bolsillo de su pantalón hasta sacar un encendedor. Pone fuego en el papel, apagando y encendiendo el encendedor varias veces, para no quemarse los dedos. Rápidamente el fuego está hecho.
Cuando el fondue está listo, el profesor le ofrece una porción al primata, que lo recusa por estar muy caliente, pero enseguida sopla el queso para enfriarlo hasta poder comerlo. En la hora de irse, el bonobo agarra un balde, lo llena de agua y apaga el fuego con cuidado para no dejar ninguna brasa encendida. Después va para un carro utilitario, sienta al volante, lo pone en marcha y desaparece del lugar, dejando al profesor para atrás. En función de ese comportamiento, Sue afirma que las personas de una comunidad remota de las selvas de Tanzania no son ni mejores ni peores que los bonobos del Great Ape Trust. La única diferencia es que eses primatas no se saben defender y son impiedosamente cazados en África. Su carne es un plato especial servido en restaurantes de Asia y Europa. Por eso están en acelerado proceso de extinción.
Pero no son solo las semejanzas entre los hombres y los chimpancés que espantan. Los orangutanes de Sumatra, Borneo y de Malasia también son capaces de demostrar que casi son gente. Ya fueron identificados 24 ejemplos de transmisión cultural entre ellos. Una de sus herencias culturales más espantosas es que, después de comer, los orangutanes limpian la boca con las hojas de los árboles. También las usan para beber agua, formando una concha con ellas. Y saben que para aumentar el sonido, solo basta llevarlas a la boca y gritar. También lo hacen con las manos, llevándola a la boca en forma de concha, como nosotros cuando queremos llamar a alguien a distancia.
Los orangutanes saben usar instrumentos para comer y beber. La fruta Neesia, que se da en un árbol grande del sudeste asiático, tiene la cáscara llena de espinas, mas su jugo es irresistible. Para beberlo sin se herir con las espinas, los orangutanes perforan la fruta con un pedacito de madera y chupan el jugo que corre por la misma. Los orangutanes corren el riesgo de estar extintos debido a la devastación de la selva en que viven. Como los chimpancés y los gorilas no saben hablar. Pero tienen en verdad muchas historias para contar a los Homo sapiens.
Revista Planeta – Enero/ 2009 – Edición 436 – Páginas 30 à 35
BLOW ME DOWN!
CHIMPANZEES SURPRISE IN THE INTERACTION WITH HUMANS
Great primates recognize their image in mirrors and photographs, send kisses, get depressed and enjoy a friendly shoulder. For these reasons the members of GAP Project defend their rights.
By: Maíra Lie Chao
Couple Pedro and Vânia Maria Ynterian had just adopted Guga, a male chimpanzee, who is 9 years old today. They were driving along a road when a truck pushed the car out of the path. Then I yelled Oh, my God, Guga, who was still a baby, grabbed my hand as he wanted to show me safety, tells Vânia. Since then, every single day, I got more surprised with his intelligence. Every morning he saw me preparing breakfast. The first coffee, in fact, he was the one who drank with me. These and other stories made the couple to question if Guga was only a pet.
Living together with the chimpanzee made the couple to buy the cause of the rights of the great primates. Every time I knew an animal was being mistreated, I thought about Guga and about what could had happened with him in a situation like that, remembers Pedro. He could not stand that and started to provide new home for victims of mistreating.
Today, the businessman invests a great amount of his money in the 23 alqueires of Velho Jatobá Animal Shelter and GAP Sanctuary, in Sorocaba (SP). He spends at least 12 hours of his days there, taking care of the chimpanzees. After Guga, more 47 chimpanzees came, apart from dozens of tamarins, gibbons and others. One detail: Pedro knows the name of all his chimpanzees, and also their personalities.
Not by chance, his dedication to the great primates had been awarded and Pedro has been nominated the president of Great Ape Project – GAP International, which he is affiliated to, and this turned Brazil to be the headquarters of the organization. Created by philosopher Peter Singer in 1994, GAP is an idealistic movement that defends the rights of great primates. For those who do not know, there are five of them: men, chimpanzees, gorillas, orangutans and bonobos (pygmy chimpanzees).
Originally, GAP does not focus on the rescue of the animals. But the members of GAP Brazil participate of the idealistic activities and also rescue those animals who are mistreated and do not have a safe home to stay, providing them all the support and comfort. Brazil is the most active country and develops a lot of activities concerned to the defense of great primates. It is also the only one that has sanctuaries affiliated to GAP, informs Pedro. There are four private sanctuaries that rehome 74 chimpanzees.
Pedro affirms that the coexistence with these animals makes anyone to believe that they are people. The businessman also points that he learns more with the chimpanzees everyday that passes, apart from always get astonished with their intelligence and abilities. Another day I was playing house with Guga. I took a pot, put grass in the water and started to cook. On the following day, when I arrived to greet him, he had already prepared the kitchen and was stirring the leaves soup, says proudly mommy Vânia.
In the sanctuaries, the chimpanzees are rehomed from zoos and circus, where, in general, they are tortured. In circus they have their teeth pulled out, are castrated (so that they do not become a threat) and can even develop other deficiencies. Hulk, for instance, was a victim of these kinds of aggressions. When they found him, he was blind due to a severe infection in his eyes. Lucky, the former owner sold him to Pedro. Later, an eye doctor operated him so that he could recover part of his vision.
A few years ago some local legislation that prohibits the entrance of circus with animals were approved in cities and São Paulo, Campinas (SP), Rio de Janeiro and Curitiba are some of them. This, supported by the pressure of non-governmental organizations and of the population, resulted in the fact that the circus owners want to get rid of their animals. Then, they negotiated the chimpanzees with the owners of the sanctuaries. Today, the relationship of Pedro with the circus owners is light. In the beginning he used to suffer death menaces and was even victim of an attack. When I started this work, in 2000, one chimpanzee was charged in an average of US$ 15.000 to US$ 20.000. To a circus it was not worth to sell its money source, remembers.
Although the chimpanzees are mistreating targets in circus, the businessman guarantees that it is in zoos that they suffer the most. Sometimes for the lack of company and other times, for the stress of being exhibited to strangers. In the circus they have a relationship with one person, that can be loving and kind. In the zoo everything is impersonal. And they suffer with the harassment of an ignorant audience. They are kept eight to nine hours exposed to people they do not know. Then they yell, throw things. They get so stressed that they end up getting nuts”, explains Pedro.
Chimpanzees are very intelligent beings. Putting them in these conditions is like closing a man in a cage”, argues the businessman. Every animal that had the diagnostics of high levels of depression or insanity came from zoos. When they arrive, they take homeopathy medicines, like Charles and Caco, who used to do self-mutilation (they used to bite themselves and pull out hair from their arms) to call attention. Here I have an asylum to the chimpanzees that I have rescued and that will never be normal again. I manage to improve their quality of life, but they will still be crazy. It is irreversible.
What separates these primates from us? According to genetics, only 0,6% of DNA. This tiny difference does not allow them to speak, read and write. Well, they can even not to say words like you and I, but they understand our talk. When the veterinarian Camila Gentile got near Vitor showing wounds on her face and saying Look, I got hurt, the chimpanzee wanted to touch her face. But, for not having control over his power he could hurt, without any intention, the doctor. No, Vitor, it is still hurting. Do not touch, she warned. He got near one of Camila’s scratched cheek and gave her a kiss.
They understand us very well. There are times that I get near the fence with a refreshment bottle. Then, I talk to myself out loud I do not find a glass here. Soon one of them brings me a glass, says Vânia.
And there is more: these animals are so intelligent that they recognize themselves and other primates in mirror and photographs. Billy, other chimpanzee from the sanctuary, sit on a little table near the fence and asked to see the photos that our photographer had taken. Karime showed them to him in the photo camera and Billy demonstrated to be extremely happy with that. To thank her, gave her a lovely kiss on the cheek.
Due to these human behaviors, Selma Mandruca, president of GAP Brazil and owner of a sanctuary in Vargem Grande Paulista, defends the chimpanzees legally, with a different nomination: humanized beings. She justifies affirming that they are not domesticated animals, like a dog or a cat, and also can not be called men. On behalf of GAP, Selma is giving support to the case of a habeas-corpus recently ordered for two chimpanzees, Megh and Debby, 3 and 4 years old.
This legal option was used for the first time to a primate in 2005. Female chimpanzee Suiça, 23 years old, had a crisis after the death of her partner in the zoo. Considering the fact that chimpanzees are social beings and do not manage to live alone, Suiça started to develop mental illness and the habeas-corpus ordered for her to leave the place and go to a sanctuary to live with their equals was approved. Unfortunately, she passed away one day before she would be released.
Megh and Debby’s story is different. They were born in the zoo Paraíso Perdido, in Fortaliza, that had been closed by Ibama in 2006. The babies were donated to Rubens Forte, who took them to Ubatuba, north coastline of São Paulo state. But Ibama argued that the transport documentation was irregular and that the sanctuary could not home the animals. Then, Forte moved the sanctuary to Ibiúna and it had been approved by the institution. From this moment on the property had been target of lawsuits.
Aiming not to loose the guard of the chimpanzees, Rubens ordered a habeas-corpus in a Regional Justice Tribunal and it had been denied. To make things worse, a judge ordered that the chimpanzees should be reintroduced in their habitat – what is considered to be a death sentence. First of all, the natural habitat of the chimpanzees is Africa. Second, they were born in captivity and would not survive in the jungle by themselves. Facing this sticking point, Rubens ordered the habeas-corpus in the Superior Justice Tribunal. By that time one of the ministers decided to analyze the situation better.
According to GAP, this fact raises the discussion about the rights of great primates. As long as the habeas-corpus is a legal alternative conceded to humans, if it is approved this time, the executive in charge is recognizing chimpanzees as humanized beings. As a result, it is going to be forbidden the torture, the imprisonment, the commercial use and the experiment in which they are used as guinea pigs.
This is the main objective of GAP, because, as humanized beings, chimpanzees have rights that are not being respected, says Selma. After that, we will have legal arguments whenever we see an injustice committed against them. The result of this habeas-corpus order must be known by the beginning of the year.
Pedro Ynterian anticipates that in the legal area there are people who are for, against and the ones who are in doubt. We created a doubt in a lot of people’s minds and this was exactly what we had intended to do. We have a debate that will raise a better conclusion than the one we have today, that the animal has no rights”, affirms. Today it is the chimpanzee that is practically human. Tomorrow, it will be the rest of the animals. Within a time every one of them will have to be respected.
THE DIFFERENCE IS VERY SMALL
The difference between the DNA of men and chimpanzees is small. But in these few genes lays the difference of a dominant species and one threatened to extinction. They allow our species to talk; in other animals, however, they only allow sounds, like grunts and yells, in the case of the ones who would be our ancestors.
German scientists discovered in the gene FOXP2, presented in all the mammals, a particularity that could have caused an important mutation, millions of years ago. The exact function of this gene is not completely known, but, in the apes exanimate (chimpanzees, gorillas and orangutans) the amino acid sequence is almost identical and the proteins have equivalent structures. In men, on the other hand, the mutation of two unique nucleotides (the raw material of a gene) resulted in a different protein, which could even have a distinct function from the original.
Later, during a research with a group of people who presented imperfections in this gene, the scientists discovered that they had difficulty to say some words – in general, they were not able to pronounce them or did not fix the correct sequence of the phonemes. It was then concluded that FOXP2 can be a gene involved in word production, particularly in the delicate muscle movements necessary to talk. It is not the gene of the language, because this process is much more complex than pronounce words, but surely it is a associated gene very important that was formed in the last 200 thousand years, when Homo sapiens started to spread all over the world.
Scientists from Detroit University (USA) also examined a hundred of genes of men, chimpanzees and other animals and got to the conclusion that, in fact, the chimpanzees are much closer to men, from DNA point of view, than the other animals.
The studied genes were those that lead to the production of proteins, called code genes. The genetic distance between men and chimpanzees revealed to be so small that both should be classified as the same species – something like Homo macacus, if Latin allowed that.
The rules of zoological classification are that two species with a common ancestor should share the same gender. And the genetic distance is so small that it can only be explained with the existence of a common ancestor.
In other words, chimpanzees are our cousins, so we had the same grandparents in a certain moment of our zoological tree. Scientists consider that this moment is situated around 6 millions years ago. By that time, men and chimpanzees got separated from gorillas. Before that, men, chimpanzees and gorillas had separated from orangutans. Therefore, with we would have great grand parents in common and with orangutans, great-great grand parents. But as long these are more distant, the genetic neighborhood does not oblige us to include them in the gender Homo.
While gorillas are reserved and orangutans are rowdy, chimpanzees are loving, happy and calm. Chimpanzees like a lap just like our babies, hug the keepers they saw the day before as they had not meet for years. And like to learn new things. A chimpanzee is able to memorize the figures presented in a screen and associate to the words that identify them. Flower, tree, chair, table – one can name any figure of the screen that the chimpanzee, after having learnt it, point it with no mistake. It can also be abstract figures, like triangle, or symbols, like the triangle inside a circle. To confirm, the figures have their position changed and the chimpanzee continues to guess it right.
And this is not all. At centre Great Ape Trust, in Iowa (USA), Dr. Sue Savage-Rumbaugh and her team develop studies with chimpanzees bonobos – a species of lower stature, and because of that is called as pygmy chimpanzee, originated from Congo, Africa. The centre is a school where the students are the bonobos, in several levels of learning. The class rooms reproduce areas of jungle similar to the ones in Congo. In the external area there is a forest similar to the natural habitat of these chimpanzees. In a video produced in this forest, a bonobo is taken by his teacher to do a picnic.
In a glade, the teacher asks for the chimpanzee to prepare the fire, in which spits with pieces of cheese are going to be cooked. He starts to get branches and sticks. He breaks the bigger branches in two, snapping it on his knees with the precision of a man. He does a little mound, putting together some dry leaves and paper delivered by the teacher. When everything is ready, gets near the teacher and looks into his pocket until he finds a lighter. He puts fire on the paper, light in and off continuously, so he does not burn his fingers, and soon the sticks are burning up.
When the foundue is ready, the teacher offers a spit to the chimpanzee, who denies if for being very hot, but in a row he blows the cheese to cool it before eating. At the time they have to leave, the bonobo gets a bucket, fill it with water and burn the fire out, taking care not to let any coal on. After that he goes to the car, a kind of buggy, sits in the drive seat, puts the gear and get away into the woods, leaving the teacher behind.
But not only are the similarities between men and chimpanzees astonishing. Orangutans from Sumatra, Borneo and Malaysia are also capable of showing that they are not people by a very few difference. It has already been identified 24 examples of cultural transmission among them. One of the most amazing cultural inheritances is the fact that, after eating, orangutans clean their mouths with trees leaves. They also use them to drink water, doing a shell with it. And they know that, to raise the sound, they just need to put them on their mouth and scream. They also do that with the hands, putting them in a shell form in front of the mouth, like us when we want to call someone.
Orangutans know how to use tools to eat and drink. The neesia fruit, a very high tree from Asiatic southeast, has a lot of spins in its skin, but the juice is overwhelming. To drink it without getting hurt, orangutans pierce the fruit with a little stick and suck the juice that flows from it. Orangutans are threatened to extinction because of the deforestation of the region. Like chimpanzees and gorillas, they can not talk. But they have a lot of stories to tell Homo sapiens.
Planeta Magazine – January 2009 – Editión 436 – Pages 30 à 35