10/03/2009 Por Varsha Tickoo
BUKIT MERAH, Malásia – Deepa sai de um saco de ráfia enquanto Fatt Fatt brinca de balançar em brinquedos. E os visitantes olham os orangotangos jovens num resort na Malásia que está tentando aumentar a população dessa espécie que se encontra ameaçada.
A ilha Orang Utan, de 35 acres e parte do resort Bukit Merah Laketown, no estado Perak, é uma atração turística e um centro de conservação que abriga 23 orangotangos que, segundo os representantes do resort, serão devolvidos, no futuro, à natureza.
Mas alguns especialistas em bem-estar animal criticam a iniciativa, afirmando que criar os animais fora de seu habitat natural, separando os filhotes de suas mães, é simplesmente errado.
"Eu não acho que os orangotangos devem ser mantidos num lugar isolado, como uma ilha penal", disse Neal Nirmal Ariyapala, membro sênior da Sociedade da Natureza da Malásia.
"Eu gostaria de saber o quanto o santuário Orang Utan, da Bukit Merah, é bem sucedido. Bukit Merah é uma empresa comercial e acho que dinheiro para eles é mais importante do que a preocupação ambiental."
Os orangotangos, uma espécie de grande primata nativa da Malásia e Indonésia, estão seriamente ameaçados devido à destruição de seu habitat nas florestas tropicais e devido ao comércio ilegal.
Eles não são endêmicos do oeste da Malásia, onde Bukit Merah está localizada, mas habitam largamente regiões mais ao leste, como Sarawak e Sabah, na ilha Borneo.
Há vários programas de conservação de orangotangos na Malásia e, na ilha Orang Utan, cinco acres são usados para o projeto, que começou em 1999 com três animais trazidos levados de Sarawak, sua região nativa.
"Nós temos um programa de reabilitação que foi desenvolvido de forma especial. Baseado nele é que vamos soltá-los de volta na natureza", disse o veterinário responsável pelo centro, Dr. Sabapathy Dharmalingam, informando ainda que deve levar entre cinco e seis anos para isso acontecer.
Um curto passeio de barco leva os visitantes do resort da Bukit Merah para a ilha, onde bebês de orangotangos dormem em berços, agarram bonecas e usam fraldas, igual a bebês humanos, com um acompanhamento médico de 20 profissionais.
Orangotangos adultos passam seu tempo nas florestas do lado de fora, sendo observados pelos visitantes de uma trilha que margeia a área.
Doze orangotangos nasceram na ilha e estão saudáveis, de acordo com o Dr. Sabapathy. Mas o momento de sua soltura ainda não foi definido e não há garantias de que seu retorno para a natureza será um processo fácil.
Este é uma das várias preocupações ressaltadas pelos conservacionistas.
"Reabilitação e turismo não se misturam", contou a Reuters Helen Buckland, da Sociedade de Orangotangos de Sumatra.
"Vários casos documentados mostram que há uma grande probabilidade de transmissão de doenças entre humanos e primatas."
(Editado por Miral Fahmy)
http://www.reuters.com/article/lifestyleMolt/idUSTRE52921820090310