REVISTA NATURE, 18/08/2011

Jacob, um chimpanzé de dois anos de idade, passa a maior parte do seu tempo, numa caixa de madeira, onde não pode nem se movimentar. Nascido no Parque Nacional Sapo, na Libéria, ele foi resgatado por guardas florestais, que o encontraram, junto com sua mãe morta, nas mãos de caçadores.

Essas histórias são comuns na África. A carne de caça é uma fonte vital de proteínas e um chimpanzé morto pode render 200 dólares na Nigéria, se for vendido como carne de caça. Ninguém sabe exatamente quantos chimpanzés existem em liberdade na natureza. Em 2003, a União Internacional de Conservação da Natureza estimou grosseiramente entre 172.700 a 299.700 indivíduos. Porém, a população está sendo reduzida rapidamente e em muitas comunidades vão desaparecer nas próximas décadas. Um estudo de 2008 na Costa do Marfim considerou que 90% da população símia tinha desaparecido, nos últimos 17 anos.

Em 2010 uma força tarefa de várias organizações ambientais, dirigida pelo Instituto de Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck (EVA), de Leipizig, na Alemanha, começou um projeto para medir quantos símios existiam ainda em 15 países africanos em que ainda sobrevivem.

O trabalho difícil de recorrer áreas enormes com florestas densas, contando ninhos de chimpanzés nas árvores e projetando seu número, levou uma equipe do EVA, na Libéria, junto com pesquisadores locais, à conclusão de que só 3.300 chimpanzés existiam em vida livre naquele país. Usando um método similar, o Santuário de Tacugama, em Serra Leoa, fez a mesma contabilização e chegou ao número de 5.500 chimpanzés morando naquele país, um ano atrás.

Fazer este trabalho não é fácil e não é barato. Segundo David Greer, do Programa de Grandes Símios da organização WWF, “não precisamos fazer um levantamento geral para saber que a batalha está sendo perdida” e que em 2 a 3 décadas aqueles extraordinários seres desaparecerão da vida livre nos 15 países africanos que ainda os abrigam.

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional