A revista científica norte-americana “PNAS” publicou um trabalho do antropólogo espanhol Juan-Luis Arsuaga e sua equipe da Universidade Complutense de Madri o qual descreve o primeiro primata primitivo humano descoberto com mais idade: 45 anos. Um exemplar do Homo heidelbergensis, de meio milhão de anos, foi mostrado como o representante mais idoso daquela época.
A mesma matéria, publicada pelo jornal Folha de São Paulo em 12 de outubro, comenta que “os chimpanzés – primos mais próximos do homem – até podem chegar aos 50 anos, mas apenas em ocasiões raras”.
A vida de um primata, humano ou não, depende do cuidado que teve em sua vida, da alimentação, meio ambiente e da preservação da saúde que ele recebeu. O primatólogo Richard Wrangham, em seu livro “Pegando Fogo”, de 2009, defende que a alimentação foi crucial no desenvolvimento do Homo moderno, a partir dos ancestrais comuns entre chimpanzés e Homos primitivos. À medida que a proteína animal era submetida ao cozimento, facilitava a digestão e permitia o desenvolvimento dos seres primitivos de forma mais acelerada.
Nós, que temos chimpanzés de todas as origens em nossos santuários, comparamos os que sofreram uma vida miserável, em circos e zoológicos, subalimentados e violentados pela exploração para o entretenimento, com aqueles que criamos e vemos a diferença imediata. Guga, Cláudio, Emilio, Noel, Carlos, todos com menos de 12 anos de idade, têm uma fortaleza e saúde, incomparáveis com aqueles que chegaram ao santuário já adultos e com seqüelas.
Um chimpanzé na mata africana dificilmente passa dos 30 anos. Em zoológicos – exceto alguns internacionais de primeira linha – não passam dos 40 anos. Os humanos modernos em países africanos menos desenvolvidos não passam de 45 anos, pouco mais do que um grande primata não-humano resiste em suas florestas.
À medida que os conhecimentos sobre saúde avançam, os recursos destinados à sua proteção aumentam e uma vida que respeita o meio ambiente se expande, a existência de todos os primatas se estende. Temos chimpanzés beirando os 50 anos em nossos santuários, apesar de não terem tido uma vida correta em parte de suas existências. Aqueles que lá praticamente nasceram, salvo acidentes, estão destinados a enterrar todos nós. Talvez, incluindo os humanos que também nasceram junto com eles.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional