Primatas que leem: Sinais de inteligência
postado em 08 set 2010

Numa extensa matéria sobre a “Crueldade Humana” com respeito aos animais, a revista Veja, em sua edição do dia 8 de setembro de 2010, toca em um tema interessante que aqui temos abordado em diversas ocasiões: os sinais de inteligência dos grandes primatas. A matéria relata os casos mais revoltantes de crueldade humana, desde o abate de animais para o consumo, como a extração de bile “ao vivo” em ursos na China e gansos alimentados a força para produzir fígados hipertrofiados, que se convertem em patês de fígado para os “ricos”.
 
A matéria que reproduzimos a seguir demonstra como o bonobo Kanzi, que é similar ao chimpanzé, aprendeu 380 palavras e ações no Santuário Great Apes Trust de Iowa e se comunica com os humanos, evoluindo em seu desenvolvimento mental. Como uma vez aconteceu com os Hominídeos primitivos, quando começaram a falar e a transmitir conhecimento entre si, que depois se converteram em Homos modernos e civilizados.

Ver a matéria:

Sinais de inteligência

PRIMATA LEITOR (foto)
Chimpanzé bonobo: cientistas conseguiram ensinar um exemplar da espécie a identificar 380 palavras

A preocupação com o tratamento dado aos animais que nos servem de alimento tem origem em um questionamento ainda maior, ao qual a ciência tenta dar uma resposta: seriam os bichos capazes de desenvolver algum tipo de sentimento ou inteligência? Estudos recentes revelam que o cérebro de alguns animais processa tarefas antes atribuídas apenas a seres humanos. Já se sabe que os elefantes adotam um comportamento semelhante ao luto quando um integrante da manada morre. Pássaros como o corvo, sabem confeccionar e usar ferramentas para construir seus ninhos. Ratos tendem a imitar os movimentos de outros membros da espécie ao vê-los se contorcer de dor. O exemplo mais notável de animal que apresenta um tipo de inteligência evoluída é o bonobo, um membro da família dos chimpanzés. Cientistas americanos conseguiram que um exemplar desses primatas desenvolvesse um sistema complexo de comunicação. Ele compreende cerca de 380 palavras e, por meio de um tabuleiro com cartões coloridos, as ordena de modo a compor frases. O bonobo também consegue expressar noções de tempo e grandeza.

Com isso, os defensores dos animais ganharam mais argumentos para tentar mudar as leis a favor de seus protegidos. Há dois anos, o Parlamento espanhol estendeu alguns direitos humanos a chimpanzés, gorilas, orangotangos e, claro, bonobos. O país das touradas decidiu que os primatas não podem ser torturados nem mortos (salvo em casos de defesa contra ataque). “Quando o homem começa a perceber que os animais têm algumas características semelhantes às suas, fica menos suscetível a submetê-los a tratamentos que resultem em dor ou sofrimento”, disse a VEJA a advogada americana Pamela Frasch, especialista em legislação dos direitos dos animais."

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional