“Há realmente preocupação com os animais que (sobre)vivem nos zoológicos?”. Essa foi a pergunta crucial que resumiu a palestra “Práticas Pedagógicas em Zoológicos: seria possível?”, apresentada pelo biólogo e voluntário do Projeto GAP, Luiz Fernando Leal Padulla, durante o Seminário Integrador do curso de Pedagogia, do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL), no campus Maria Auxiliadora, em Americana-SP.
Com o auditório lotado, estudantes e pessoas da comunidade tiveram a oportunidade de enxergar o zoológico por outro lado. “A partir do momento que se entende que um primata está atirando objetos por estresse e não por brincadeira, assim como um felino caminha de um lado para o outro por estar perturbado, as pessoas passam a ter uma visão crítica e sensibilizada perante os outros animais”, disse o biólogo. “Uma simples comparação ilustra o que esses seres suportam: imaginem vocês vivendo nesses recintos, sem opção alguma de sair dali, tendo que aturar o assédio do público todos os dias, jejum forçado e condições precárias de moradia. Vocês seriam pessoas normais?”, perguntou, provocando e fazendo o público pensar a respeito. “A teoria pregada por essas instituições é totalmente incoerente com o que acontece na prática. A reprodução, por exemplo, tem como finalidade apenas a venda ou troca de animais, já que não há nenhum outro objetivo além deste.”
O tema principal abordado foi a educação ambiental, justamente por se tratar de um público de educadores. “Foi importante mostrar que uma visitação aos zoológicos, além de perturbar os animais que vivem em condições ridículas e inadequadas, não promove nenhum tipo de educação ambiental, uma vez que expõe seres perturbados, estereotipados, com comportamentos não naturais, o que não contribui em nada para uma criança”. As perguntas ao final da palestra também possibilitaram uma interação do público com o palestrante.
“O mais gratificante nisso tudo é saber que nossa semente está sendo plantada e disseminada, e muito em breve as pessoas, conscientes desse tipo de barbaridade, não aceitarão mais esse tipo de entretenimento”.