Entre dezembro e janeiro é tempo de manga no Estado de São Paulo e a safra é intensa. Na floresta do Santuário, onde levamos os bebês chimpanzés várias vezes por semana, existe uma plantação de mangas que cobrem o chão de mangas quando estão maduras. Os bebês chimpanzés já estão acostumados a comer esta fruta, especialmente as mais maduras, que são as preferidas. Eles chegam a quebrar o caroço da manga, que se abre em duas partes e comem o conteúdo.
Os bebês chimpanzés nos observam recolhendo as mangas para levá-las aos outros primatas do Santuário. Dias atrás aconteceu algo inusitado, eu levei um balde pequeno com alça na Kombi para colher algumas mangas. Guga geralmente vai comigo no banco de passageiro e um tratador vai atrás com os outros bebês. Quando chegamos Guga desceu, pegou o balde, foi embaixo de uma mangueira e começou a enchê-lo de mangas. Os outros, que sempre gostam de perturbar quem está fazendo alguma tarefa diferente, tentavam tirar o balde dele ou derrubá-lo, Guga os afastava e continuava enchendo-o.

Em um momento falei para eles que iriamos para o rio, então Guga pegou o balde quase cheio de mangas e andou em dois pés segurando-o rumo ao rio, com bastante dificuldade. Conversei com ele e o convenci a dar-me o balde que eu cuidaria, e assim ele poderia ir e brincar a vontade. Ele entregou o balde com mangas e seguiu com destino ao rio. Eu escondi o balde na mata, já que os outros bebês chimpanzés estavam ansiosos para pegá-lo, a fim de brincar com ele e com as mangas.

Em nenhum momento pedimos que Guga fizesse o que fez, foi uma iniciativa dele, imitando o que fazemos diariamente. Os chimpanzés imitam os humanos com extrema facilidade, e também imitam entre si, desta forma criam hábitos e comportamentos próprios muito parecidos com os humanos.