Nas últimas semanas, notícias enviadas por várias organizações que cuidam e vigiam populações de orangotangos na selva das ilhas de Sumatra e Borneo, na Indonésia, reportaram que dezenas deles estão sendo achados esfomeados e sem espaço de selva para refugiar-se.
As companhias que plantam palmas, para exploração do azeite, estão invadindo aceleradamente a área de proteção dos orangotangos, sem fazer um pré-estudo do território invadido e relocalizar esses primatas para áreas seguras de selva, que lhe proporcionem alimentos e abrigo.
A Organização IAR (International Animal Rescue) semanas atrás mostrou fotos dramáticas do resgate de 30 orangotangos bebês, que foram localizados numa selva da Ilha de Borneu, sem comida e à beira da morte. Seus pais presumidamente foram mortos quando a selva foi invadida por plantadores de palma, que geralmente ateiam fogo para limpar áreas antes de entrar para trabalhar. Os 30 bebês foram levados pelos voluntários em carrinhos da mão até um centro de resgate provisório, para mais tarde serem relocados em uma zona de selva segura.
Em outro centro de resgate da mesma Organização, outros orangotangos foram localizados em situações precárias e aguardam a possibilidade de serem reintroduzidos no seu habitat. Uma das alternativas desta Organização, que tem feito um apelo mundial por recursos para cuidar destas populações de grandes símios, é comprar pequenas ilhas na Indonésia, a fim de poder reintroduzir, sob controle restrito, estas populações resgatadas.
Os centros de resgate de orangotangos na Indonésia estão lotados de indivíduos resgatados.
Karmele Llano Sanches, diretor Executivo da IAR Indonésia, relatando os últimos resgates, falou: “Nós ficamos muito impressionados pelas condições dramáticas em que estavam estes orangotangos. Todos eles tinham passado longos períodos de tempo sem comer antes de serem resgatados, já que a área onde foram achados, é uma que as companhias plantadoras de palma tinham destruído a mata, para preparar o terreno para o plantio, e o que sobrou para os orangotangos não dava para provisionar o alimento mínimo necessário”. E acrescentou: “Uma fêmea tinha perdido seu orangotango bebê, provavelmente assassinado, antes da equipe de resgate encontrá-la.”
E concluiu: “A situação é tão dramática nestas áreas que estão sendo desmatadas, que os orangotangos só se alimentam de casca de árvores, já que frutas e folhas não existem mais”.
Estima-se que menos de 50.000 orangotangos – e talvez bem menos do que esse número – restam em ambas as Ilhas da Indonésia, o que pode significar o seu desaparecimento como espécie em vida livre nos próximos 20 anos.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
Fonte: http://www.anda.jor.br/16/05/2013/orangotangos-a-beira-do-desaparecimento