Ong quer tirar Jimmy do Zoonit
postado em 18 maio 2010

Publicado em: 18/05/2010

Está nas ‘mãos’ da Justiça o destino do chimpanzé Jimmy, que vive na Fundação Jardim Zoológico de Niterói (ZooNit). O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) deverá julgar em 2ª instância o habeas corpus impetrado pelo Grupo de Apoio aos Primatas (GAP) e outros 26 requerentes, entre instituições, advogados e professores brasileiros e estrangeiros, que visa a locomoção de Jimmy para uma das unidades afiliadas ao GAP no interior de São Paulo: o Santuário de Sorocaba para grandes primatas, onde já vivem 50 chimpanzés resgatados de maus-tratos e condições inadequadas de vida em circos e zoológicos.
O processo aguarda a conclusão do relator, o desembargador e ex-procurador-geral de Justiça do estado, José Muiños Piñeiro Filho, após o GAP recorrer da primeira decisão judicial, que foi a favor do zoológico. O juiz Carlos Eduardo Freire Roboredo, da 5ª Vara Criminal de Niterói, indeferiu o pedido, em 1ª instância, alegando que “os animais são simples objetos de direito, caracterizados como autênticos bens móveis”.
O presidente da ONG GAP Internacional, o microbiologista Pedro Ynterian, no entanto, discorda: “Os chimpanzés não são animais, mas indivíduos, e devem ser respeitados como tal. Têm que viver em comunidade com outros de sua espécie e não isolados em um pequeno recinto e assediados pelo público. Está cientificamente comprovado, que vivendo nessas condições, acabam perturbados mentalmente”, justificou.
A presidente do ZooNit há 21 anos, Giselda Candiotto, porém, contesta: “O Jimmy é bem tratado e não há motivos para a sua saída. O próprio Ibama já comprovou isso. Se ao menos fosse para outro local onde vivesse em liberdade, mas não, vai continuar confinado, e o pior, em um lugar que ao contrário do que o nome diz: santuário, mas parece um campo de concentração. Além disso, Jimmy não iria mais conseguir viver sem a interação com o público”.
E a briga por Jimmy, que segundo Giselda possui cerca de 4 anos, continua. Ela desconfia que o interesse da ONG pelo primata seja meramente financeiro. “Quanto mais animais exóticos eles tiverem, mais verba recebem de fora (do exterior). Por que não levam os macacos pregos que temos?”, questiona. “Eles só querem o chimpanzé porque possui valor comercial alto”, completa.
Pedro Ynterian replica: “Não temos interesse comercial coisa nenhuma. Essa organização é mantida por uma família, que desenvolve um trabalho benemérito e não visa o lucro”.
Confiante, Giselda afirma que questionará até o fim a mudança do chimpanzé, que virou o xodó da Fundação. Ainda não há prazo para o processo ser julgado, mas se depender das partes a disputa vai longe. Enquanto isso, Jimmy permanece em sua jaula de 120 metros quadrados no zoo, que possui até televisão. Flamenguista, Jimmy curte assistir os jogos de futebol pela telinha.

http://www.atribunarj.com.br/noticia.php?id=5145&titulo=ONG