Meus netos Thiago e Lia, e minhas netas adotivas chimpanzés Sofia e Sara, todos nasceram no arbol do Século XXI e terão muito possivelmente o triste privilégio de assistir ao desaparecimento das principais espécies do Planeta Terra: os tigres, os leões, os Gorilas da Montanha e da Planície, os bonobos, os orangotangos, os rinocerontes, as baleias, os golfinhos, as várias subespécies de chimpanzés … Nessa ordem, seguirão os restante, as florestas serão uma raridade e só sobrarão os humanos, que em algum cataclismo inesperado também desaparecerão da face da Terra, para no próximo século talvez recomeçar a povoar o Planeta, com seres unicelulares.
Esse cronograma de destruição será o que marcará a história deste Século XXI? Provavelmente, assim será. O Primeiro Ministro da Rússia, Vladimir Putin, sediará a primeira reunião mundial em novembro próximo, que discutirá a próxima extinção dos tigres na natureza. Menos de 3.500 espécies sobrevivem em vida livre, nos territórios asiáticos, com menos de mil fêmeas em capacidade reprodutiva. Dos 13 países que têm tigres na natureza, 42 áreas de proteção existem onde uma população selvagem se sustenta. Estas 42 áreas estão concentradas principalmente na Índia e Nepal, e em menor proporção na Tailândia, Indonésia e Rússia. Não existem atividades reprodutivas de tigres na natureza no Camboja, China, Vietnam e Coréia do Norte. Atualmente, os tigres têm perdido todo seu território e onde sobrevivem hoje é menos que 0,5% de seu habitat original. A caça predatória e a destruição do habitat, para um felino que depende da caça, e recorrer grandes distâncias, tem praticamente extinguido a espécie.
Se algo não for feito dramaticamente, à raiz da reunião na Rússia, em 10 anos os tigres estarão extintos na natureza. Porém, não só os animais estão ameaçados; 20% de mais 400.000 espécies diversas de plantas também estão à beira da desaparição, e outra reunião – em outubro no Japão no ano da Biodiversidade – tem um desafio imenso para ser administrado.
O crescimento desordenado da agricultura de resultados, como a substituição das florestas da Indonésia por palmas azeiteiras, é uma das maiores ameaças que na reunião da Biodiversidade deverão ser debatidas. Grandes empresas multinacionais de alimentos, cosméticos e biocombustíveis, como Nestlé, Unilever, Kraft, Burger King, e agora a General Mills, anunciaram a suspensão da compra de óleo de palma indonésio, que é o causador da destruição das florestas, e da extinção dos primatas e felinos. Porém, as multinacionais do óleo já estão planejando destruir outras latitudes, África e Brasil, são os próximos objetivos. Dias atrás foi divulgado que o Governador do Amapá, ligou de Jacarta (Indonésia) para sua amante no Brasil e lhe confidenciou que uma dessas empresas chamada Salim estava disposta a dar-lhe 30 milhões de dólares para sua instalação neste Estado, e repetia exaltado “Amor, 30 milhões de dólares para esses caras não é nada …”
O Brasil é um objetivo, já que hoje é o principal tesouro da Biodiversidade animal e vegetal, considerando que África está sendo saqueada em suas riquezas naturais, em forma acelerada, com a cumplicidade dos governos corruptos locais. O drama do norte do Congo, onde uma espécie de chimpanzé será extinta nos próximos anos, sendo caçada sem misericórdia, nos remete ao alerta iminente.
O que podemos fazer? Ainda podemos lutar, denunciar, gritar, condenar, procurar a solidariedade da população, que já experimentou as mudanças climáticas batendo em sua porta, e a cada ano mais tragédias se abatem sobre a mesma, pelo descaso das autoridades e políticos comprometidos apenas com eles mesmos e não com a nação e o mundo.
Esperamos que Sofia e Sara não sejam as testemunhas, em seu cativeiro forçado, da destruição da civilização humana por seus próprios criadores. O Século XXI pode ser o “coveiro” de todos nós!
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional