O riso de humanos e chimpanzés
postado em 09 jun 2009

COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA

Às vezes os cientistas levam muito a sério fenômenos como o riso. Segundo uma pesquisa da Universidade de Portsmounth, na Inglaterra, a origem do riso está nos jogos e piadas que nossos antepassados, de 10 a 16 milhões de anos atrás, já desfrutavam.

A Dra. Marina Davila Ross, uma primatóloga do Departamento de Psicologia desta Universidade, construiu a origem evolutiva deste comportamento humano e chegou a conclusão que o riso tem raiz humana. “O mais provável” – ela afirma – “é que os grandes símios o usem para interagir como fazem os humanos.” Segundo a cientista, “isto é importante para a pesquisa das emoções nos humanos e animais, e para o manejo dos primatas em cativeiro e em vida livre.”

Dra. Marina coletou 800 gravações de 3 bebês humanos e 22 espécies de grandes primatas (orangotangos, gorilas, chimpanzés e bonobos), alguns jovens e outros mais velhos, incentivados quando lhe faziam cócegas nas mãos, pés, pescoço e axilas. Depois comparou o riso das 4 espécies entre si, as analisou acusticamente e logo as comparou com o riso humano. Não obstante as diferenças acústicas evidentes, o que ficou claro é que o riso não é uma característica unicamente humana.

As similaridades e diferenças entre o riso de cada espécie correspondem estreitamente ás relações que se vêem na árvore evolutiva elaborada com base na genética. Uma clara evidência de que o riso tem sua origem em um ancestral comum. Assim, ao reconstruir a árvore evolutiva, esta cientista colocou os humanos mais perto dos bonobos e chimpanzés, mais longe dos gorilas e muito mais longe dos orangotangos.

O estudo demonstra que o riso evoluiu nos primatas de forma gradual nos últimos 16 milhões de anos. Se o riso humano é claramente diferente do riso dos símios, isso se deve ao fato de que as mudanças evoltuivas têm sido bem mais rápidas nos últimos cinco milhões de anos.

De todas forma, o estudo também achou uma inesperada similaridade. Gorilas e bonobos podem rir enquanto expiram o ar de forma mais devagar que no ciclo respiratório normal, o que mostra que eles têm algum tipo de controle em sua respiração. Dra. Marina falou que até o presente se achava que esta capacidade era exclusiva dos humanos, e que certamente representou um papel importante na evolução da fala.

Na pesquisa também colaboraram o Dr. Michael Owen, da Universidade do Estado da Georgia, em Atlanta, e o professor Elke Zimmermann, da Universidade de Medicina Veterinária de Hannover, na Alemanha. Esta última foi a que financiou a pesquisa para o Centro de Sistemas de Neurociências de Hannover.

O estudo fou publicado na revista “Current Biology”.

Pedro Pozas Terrados, Diretor do Projeto GAP, Espanha