O Relatório Planeta Vivo – WWF revela uma queda devastadora de 69% na vida selvagem apenas nas últimas cinco décadas
postado em 18 out 2022

Por Jaqueline B. Ramos (Gerente de Comunicação Projeto GAP Brasil/Internacional)

Gland/Viena: Nesta última semana, a ONG WWF fez uma divulgação que é, no mínimo, alarmante. Populações de vida selvagem monitoradas – leia-se espécies de mamíferos, pássaros, anfíbios, répteis e peixes – sofreram uma queda média de 69% em suas populações desde 1970. 

Os dados são do Relatório Planeta Vivo (LPR, em inglês) 2022, que demonstra um panorama devastador e alerta urgentemente os governos, empresas e o público a tomarem ações para reverter esta iminente destruição da biodiversidade.

O conjunto de dados que foi base do relatório – o Living Planet Index (LPI)  – é o maior já registrado até hoje, cobrindo quase 32.000 populações de 5.230 espécies . Ele foi calculado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, sigla em inglês) e mostra que as regiões tropicais são as que têm um ritmo de declínio mais acelerado. Os dados revelam que, entre 1970 e 2018, as populações de animais selvagens monitoradas na região da América Latina e do Caribe caíram, em média, 94%.

Com este número assustador e considerando o fato destas áreas geográficas serem algumas das mais biodiversas do planeta, não faltam motivos para preocupação e alertas de que muita coisa precisa mudar.

Europa

A Europa é uma das regiões com menor pontuação no critério “biodiversidade intacta”, mas isso não é exatamente motivo para comemoração. Grande parte da biodiversidade do continente teve seu impacto registrado no ano de referência de 1970 do Índice Planeta Vivo.

Ou seja, pode-se então ter a falsa impressão de que o índice de 18% mostrado neste relatório não é tão drástico como o de outras regiões, que foram sujeitas ao impacto humano mais recentemente. Mas fato é que a tendência de queda na Europa ainda continua, apesar de alguns sucessos de conservação. 

O maior declínio entre grupos de espécies se dá nas populações de água doce – a queda global é registrada em 83%. O grupo mais ameaçado do mundo é o de peixes esturjão, que, segundo divulgação recente da lista vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), teve uma espécie extinta no rio Danúbio.

As quatro espécies restantes que ainda vivem no Danúbio estão altamente ameaçadas. Estes peixes migratórios que estão na terra há mais de 150 milhões de anos sofreram com barragens que bloqueiam suas rotas de migração no rio e no mar, e com os impactos de pesca ilegal.

“A Europa tem boas estratégias e políticas implementadas para impedir a perda de biodiversidade, mas precisa de mais vontade política e recursos para implementá-las efetivamente. Nossa fauna de água doce precisa particularmente de ações urgentes e decisivas”, diz Beate Striebel-Greiter, líder da “Iniciativa Esturjão”/WWF.

Economia global e natureza

Segundo Marco Lambertini, Diretor Geral da WWF Internacional, “Hoje enfrentamos as duplas emergências das mudanças climáticas induzidas pelo homem e da perda de biodiversidade”.

A ONG espera que os líderes mundiais que vão se reunir na 15ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (CBD COP15) em dezembro, no Canadá, se comprometam com um acordo ambicioso, capaz de reverter a perda de biodiversidade garantindo um panorama mais positivo até 2030.

“Diante da crescente crise, é essencial que este acordo viabilize ações imediatas, inclusive por meio de uma transformação dos setores que impulsionam a perda da natureza e apoio financeiro aos países em desenvolvimento”, completa Lambertini.

“Metade da economia global e bilhões de pessoas dependem diretamente da natureza. Prevenir mais perda de biodiversidade e restaurar ecossistemas vitais deve estar no topo das agendas globais para enfrentar as crescentes crises climáticas, ambientais e de saúde pública”, ressalta o Dr. Andrew Terry, Diretor de Conservação e Política da ZSL.

 

Fonte (em inglês): https://wwfcee.org/news/wwfs-living-planet-report-reveals-a-devastating-69-drop-in-wildlife-populations-on-average-in-less-than-a-lifetime