É difícil o reconhecimento de valores humanos nos grandes primatas? Pode até ser, mas por culpa da cegueira humana. Afinal, como é que se pode negar a existência de sentimentos neles? Assim como nós, eles amam, tem medos, sentem alegrias e tristezas. Falar tudo isso pode parecer “chover no molhado”, redundante. Mas é preciso tocar novamente nessa tecla, pois, por mais que se tenham avanços nas pesquisas e comprovações científicas, ainda é pouco perante a ignorância e a arrogância do ser humano. Estamos, infelizmente, longe de alcançarmos essa aprovação entre os “seres racionais”.

Como negar que os outros animais não amam? Qual a explicação para o caso da gorila Koko que cuida carinhosamente de seus gatos de estimação? Para quem já teve a oportunidade de receber um beijo e um abraço de um chimpanzé sabe do que estou falando. Mas nem é preciso ir tão longe. Como você interpreta o abanar do rabo e as lambidas de seu cachorro que te recepciona quando volta para casa? E a sensação de medo quando há o estouro de uma bomba? Crianças não se assustam e se põem a chorar com o barulho? Chimpanzés nos pedem ajuda com expressões de medo e estendendo suas mãos, cães procuram se refugiar, pássaros fogem alçando vôos. E a dor? Sentimento subjetivo, certo? Pode até ser. Mas qual ser vivo que, sentindo dor, não se prostra, fica abatido, apático e isolado? Nós até temos o recurso da fala para dizermos que estamos com dor. Outros animais podem não falar com palavras, mas demonstram isso. E o que falar dos bebês? Ainda que não falem, manifestam dor, não? E por não falarem alguém diz que eles não sentem nada? A ausência de fala não significa ausência de sentimentos.

Em pleno século XXI são inadmissíveis experimentações com animais. Alegações e argumentos favoráveis a essa prática bizarra já não sustentáveis. Mas por que continuam a acontecer? Por que primatas e outros animais ainda são sacrificados em experimentos inúteis e com resultados que não correspondem aos padrões humanos? Por quê? A frieza das pessoas, em especial desses cientistas (ou assassinos?), é deplorável e inconcebível. Negar sentimentos nos outros animais é como negar o Holocausto; é querer tampar o sol com peneira. É, sobretudo, desvirtuar um fato real. Desculpem a insistência desse texto, mas essa voz não pode se calar e precisa ecoar em outros cantos, até que, enfim, o direito à vida lhes seja concedido.

Msc. Luiz Fernando Leal Padulla
Biólogo