O Projeto GAP na Floresta Africana:
postado em 20 dez 2005

O PROJETO ANGOLA

BRASIL e ANGOLA estão unidos por profundos laços históricos, nossa população tem ancestral comum com os angolanos. Este país africano, o segundo maior desse Continente, saiu a dois anos atrás de uma guerra de 30 anos, que arrasou o país e sua biodiversidade também. Angola está sendo reconstruída, muitas empresas brasileiras participam desse esforço tremendo que é resgatar o país das cinzas de um conflito, alimentado pelas grandes potências, que almejavam as imensas riquezas em diamante, ouro e petróleo, que Angola possui.

Meses atrás nos foi solicitado que assessorássemos o Governo Angolano na área de Grandes Primatas. Angola tem na Província de Cabinda, e talvez em suas províncias do nordeste, chimpanzés, gorila e possivelmente bonobos em vida livre. Dimensionar esta população, criar um Santuário para acolher aqueles que foram retirados das florestas por traficantes e depois vendidos a famílias humanas, educar a população sobre a preservação destas espécies tão próximas a nós, substituir a caça de primatas por técnicas agropecuárias de subsistência, gerenciamento das florestas para evitar a destruição ainda maior do habitat dos primatas angolanos, eram as tarefas mais urgentes.

Estes objetivos anteriormente enunciados eram o desafio que nos deparamos em Angola. A Dra. Cléa Lúcia Magalhães, médica veterinária do Projeto GAP/ Brasil, foi à Angola em outubro passado, a fim de tomar conhecimento dos problemas e estabelecer um roteiro de trabalho. Uma delegação do IDF (Instituto de Desenvolvimento Florestal de Angola), que equivale ao nosso IBAMA, presidida pelo Eng. Tomás Pedro Caetano, e o Diretor de Fauna, Dr. Nkosi Luta Kingengo, nos visitou a nosso convite em novembro passado. Esta delegação esteve nos Santuários em Sorocaba, Vargem Grande Paulista e Curitiba para conhecer o tratamento dos grandes primatas em cativeiro.

Uma parte importante da visita foi em Brasília, acompanhados por nós e a Embaixada da Angola, quando participaram de reuniões no IBAMA, Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, SEBRAE, EMBRAPA, Agência ABC do Itamarati, Zoológico de Brasília e RENCTAS. Em todos esses intercâmbios, procurou-se estabelecer programas de cooperação técnica entre o Brasil e Angola, de forma a dar aos angolanos nossa experiência e treinar o pessoal deles nas técnicas mais diversas, que eles precisam urgentemente. No IBAMA, especialmente, tivemos uma disposição de ajuda total, que pode resultar em uma implantação acelerada das técnicas de preservação da fauna e do habitat natural, seguindo a nossa experiência.

Em São Paulo, a delegação se reuniu com o Dr. José Goldemberg, Secretário do Meio Ambiente do Estado, e sua equipe técnica, assim como com o ambientalista e Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Sr. Roberto Tripoli.

O Projeto GAP deve assinar nas próximas semanas, assim como outros órgãos oficiais do país, um protocolo de cooperação com o IDF Angolano, que permite a construção de um Santuário de Grandes Primatas na Floresta Mayombe, na Província de Cabinda, onde têm Grandes Primatas em vida livre. O Projeto GAP se comprometerá a angariar recursos na iniciativa privada, gerenciar e supervisionar a construção desse Santuário, que será um Santuário do Estado Angolano.

Algo surpreendente dos contatos entre a delegação angolana, e os diversos organismos e pessoas brasileiras, foi o grau de entendimento sobre o que foi conversado. Os angolanos conhecem o Brasil tanto quanto nós mesmos, até a cultura, televisão, economia e os problemas diários de nossa vida. Angola acompanha o Brasil, como um irmão à distância, eles sabem tudo sobre nós, e nós muito pouco sobre eles.

Emblemático foi que naquela primeira viagem de Cabral, em que o Brasil foi descoberto, na embarcação que aportou nas praias baianas além de um português, tinha um escravo angolano. A partir daí iniciaram nossas raízes, surgiram nossas identidades e nossa irmandade. É uma obrigação, e um dever ajudar esse povo irmão, como também proteger os Grandes Primatas que ainda continuam em guerra para sobreviver.