Quando alguma equipe de filmagem vai ao Santuário do GAP de Sorocaba para registrar a vida dos hóspedes e nos entrevistar, temos que assinar por nós e pelos chimpanzés um documento que se chama “Cessão de Direito de Imagem”. Em nosso caso, a cessão é gratuita, porém, poderia ser cobrada.
O livro Planete des Singes (O Planeta dos Macacos) foi publicado pela primeira vez na França em 1963, pelo escritor Pierre Boulle. Esse mesmo ano o produtor Norte-Americano, Arthur P. Jacobs comprou os direitos do livro para convertê-lo em filme. Cinco anos depois – em 1968 – ”O Planeta dos Macacos” estréia nos cinemas americanos e do mundo e se converte num sucesso.
O filme se converteu numa série deles: em 1970 aparece o segundo – “De Volta ao Planeta dos Macacos”. Um ano depois, em 1971, o terceiro – “Fuga do Planeta dos Macacos”. Continuando o interesse do público, em 1972 surge o quarto filme – “Conquista do Planeta dos Macacos”. Em 1973, o quinto – “A Batalha do Planeta dos Macacos”.
Em 1974, a CBS produz 14 episódios de um seriado do Planeta dos Macacos. Em 1975 aparece um seriado em desenho animado sob o título “De volta ao Planeta dos Macacos”.
Em 1998, quando completa 30 anos do primeiro filme, a American Movie Classics produz o documentário Behind the Planet of the Apes de duas horas de duração, em que relembra todos os filmes da série realizados e seus protagonistas.
Em 2011, o filme “O Planeta dos Macacos: A Origem” é lançado nos cinemas mundiais, arrecadando até hoje perto a 500 milhões de dólares, quando o custo foi inferior a 100 milhões. Uma continuação da “A Origem” já está projetada para ser lançada em 2014, seguindo o mesmo esquema do filme de 2011.
Em abril de 2012, os Estúdios Disney lançaram o filme Chimpanzee, que na primeira semana arrecadou 10 milhões de dólares nos Estados Unidos. Neste filme, pela primeira vez chimpanzés verdadeiros, em vida livre na floresta Taï, Costa do Marfim, são os protagonistas.
Quanto os chimpanzés, como espécie, ganharam com estas divulgações que geraram milhões de dólares para os estúdios, produtores, diretores e protagonistas? Praticamente nada. Os filmes contribuíram, é verdade, para mostrar o que os chimpanzés são, sua inteligência, seu raciocínio e o que sofrem em mãos humanas que os exploram.
Aqui cabe a pergunta a todos aqueles envolvidos na produção de filmes sobre os grandes símios: Não seria justo, que por Direito de Imagem – eles recebessem ao menos 1% do que se arrecada, com essas obras?
Os chimpanzés têm direitos básicos em nossas sociedades, muitos países e legislações pelo menos já reconhecem que não podem ser comercializados, eutanasiados, torturados e abusados, em qualquer tipo de ação humana. Por que, então, não ter direito a cobrar pela exibição de suas imagens, de suas vidas, de sua sociedade, para que esse valor se reverta nos cuidados que se fazem necessários para que a espécie sobreviva?
Há mais de 20 Santuários afiliados à PASA – Aliança de Santuários Pan-africanos – no continente africano e alguns outros na Indonésia, para proteger os orangotangos. Eles existem precariamente, com falta de verbas e com demanda de vagas que não podem ser atendidas. Aquele 1% do Direito de Imagem poderia ser destinado à manutenção desses santuários e enobreceria ainda mais a todos aqueles envolvidos nestas produções.
O Projeto GRASP – das Nações Unidas –, que tem o objetivo de proteger os grandes primatas, poderia ser o depositário e administrador deste fundo, para dar uma garantia plena de sua boa utilização.
Sem sombra de dúvidas, o público que assiste a estes filmes e fez render bilheterias de bilhões de dólares, nos últimos 40 anos de exibição o faria com maior prazer se soubesse que está ajudando seus irmãos primitivos, que lutam para sobreviver desesperadamente nas últimas fronteiras do Planeta.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
Fonte: http://www.anda.jor.br/16/05/2012/o-planeta-dos-macacos-e-os-direitos-de-imagem
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https://www.projetogap.org.br/pt-BR/noticias/Show/4250,chimpanze-o-virtual-e-o-real
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