Dia 12 de outubro, após um ano e meio de luta, a Prefeitura de Americana finalmente inaugurou o novo recinto do chimpanzé ‘Alemão’. (Tudo bem que essa data serviu como uma maneira de autopromoção da prefeitura, afinal, atrasaram ao máximo possível as obras para fazerem uma grande festa – além disso, coincidência ou não, ano que vem é ano eleitoral). Tal reforma só foi conseguida quando este Parque, pertencente à Prefeitura, sofreu pressão por parte do IBAMA e do Ministério Público – somente assim que as coisas parecem funcionar!

Não foi exatamente uma vitória pois, apesar do novo recinto ser mais amplo, com opções de enriquecimento, cambiamento, o indispensável ponto de fuga e tudo o mais, esse primata continuará sendo (ab)usado como forma de entretenimento dos humanos. Outro problema que ainda continua, e o mais sério de todos, é o total isolamento do ‘Alemão’ sem que ele possa interagir com seus semelhantes, o que é altamente prejudicial à sua integridade física e psíquica já que um chimpanzé sozinho não é um chimpanzé.

As melhorias poderiam ter sido feitas de maneira racional e sem intrigas, uma vez que todos se diziam zelar pelo bem-estar dele. Mas o que vimos foi uma disputa de interesses por parte de terceiros que se aproveitaram da situação e da demora em solucioná-la para sua própria promoção, aparecendo na mídia, divulgando seus nomes, cargos e o pseudo-entendimento do assunto. E o pior, tudo às custas e exploração do pobre primata. Tais atitudes nos obrigaram a tomar medidas mais burocráticas e, conseqüentemente, através de um caminho mais lento.

E com tudo isso quem sofreu foi o ‘Alemão’, já que os que se diziam defensores do “patrimônio da cidade”, de fato nunca se importaram com a saúde e bem-estar do mesmo, tratando-o como um mero objeto de diversão humana; caso contrário, não teriam feito absurdos, atrapalhando sempre que possível e colocando a própria vida dele em risco.

Quem acompanhou de perto toda a luta do Projeto GAP e das pessoas que se engajaram nessa batalha, se lembra que fomos vítimas de mentiras, provocações e sabotagem; não apenas de terceiros, mas com o consentimento do próprio Parque. Mesmo assim, firmados em nossos ideais, não nos rendemos a esse tipo de pressão, muito menos àqueles que quiseram nos atingir e deturpar a imagem do sério trabalho desenvolvido pelo GAP em todo o mundo. Mais do que nunca a bandeira do Projeto GAP está erguida e fortalecida, defendendo hoje e sempre o direito à vida, à liberdade e a não exploração dos grandes primatas.

Aos verdadeiros defensores que lutaram e se uniram a essa causa, o nosso muito obrigado!

Luiz Fernando Leal Padulla
Biólogo
Mestre em Ciências