PASA EM NÚMEROS
A criação dos Santuários Africanos é recente, tendo menos de 20 anos, e sua proliferação aumentou com a criação da PASA – Aliança de Santuários Pan-africanos – que coordena os mesmos há pouco mais de 10 anos. Em 20 santuários afiliados a PASA, mais de 1.000 grandes primatas, especialmente chimpanzés, recebem abrigo, apesar das dificuldades de realizar esse trabalho em alguns países africanos, conturbados politicamente e com problemas humanos urgentes para serem resolvidos.
Um trabalho publicado no Jornal Internacional de Primatologia deste mês realizado por um grupo de pesquisadores dirigido por L. J. Faust do Centro de Biologia das Populações, de Chigaco, que inclui o Diretor Executivo da PASA, Doug Cress, tenta estabelecer as necessidades de abrigo em Santuários Africanos que serão necessárias nos próximos 20 anos, ao ritmo da chegada de mais de 60 chimpanzés órfãos por ano nesses santuários.
A população de chimpanzés dos Santuários Africanos difere da maioria dos santuários de fora da África, já que é constituída por bebês órfãos de menos de três anos, em sua grande maioria. Isso é produto da caça ilegal de grandes primatas adultos, que são exterminados para venda de sua carne, e os bebês são poupados para serem vendidos como “pet”. Aqueles que são interceptados pelas autoridades locais (uma pequena proporção dos que são comercializados e muitos deles mortos por falta de cuidados) terminam nos santuários.
Como um chimpanzé num santuário pode viver acima de 60 anos, a pressão que esses santuários têm ao receber bebês é assegurar as condições financeiras para mantê-los vivos durante essa longa existência.
Nos santuários não africanos é rara a chegada de bebês, o mais comum é receber primatas de meia idade, acima de 15, 20 anos, com profundos problemas mentais que complicam a formação de grupos grandes, o que facilitaria a administração e a redução de custos de qualquer santuário. Na África, como a população é jovem, é factível acostumá-los a viver em grandes grupos, o que diminui o custo das construções e do atendimento.
A maioria dos santuários no mundo é mantida por organizações privadas, que coletam recursos nas sociedades para manter o seu trabalho. A falta de uma política efetiva de retorno de chimpanzés ao seu habitat nestes 10 anos, uns 50 foram retornados, devido a falta de zonas seguras para devolvê-los, torna mais critica a necessidade de fortalecer o trabalho dos santuários africanos em especial, que precisam de doações substanciais de recursos, tanto de origem privada como pública, para conseguir manter-se e receber os novos hóspedes a um ritmo de mais de 10% anualmente.
Fonte (PDF em português): Predicting Capacity Demand on Sanctuaries for African Chimpanzees, Lisa J. Faust, Doug Cress, Kay H. Farmer, Stephen R. Ross – Benjamin B. Beck
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional