CHIMPANZÉS SEM DESTINO
Vinte anos atrás, Judith Gil, que gostava de animais, recebeu um telefonema de uma amiga que trabalhava no porto de Castellon, já que tinha encontrado no porão de um navio, procedente de África e com destino a Ucrânia, um chimpanzé de quatro meses de idade. Judith recolheu um bebê chimpanzé fêmea, construiu um pequeno recinto para ela e a fez parte da família.
Montse, foi o nome dado a chimpanzé, que cresceu e se converteu num ser forte e com decisão própria, que não se conformava de viver naquele recinto, pois queria continuar compartilhando a vida na família, como um membro a mais.
Recentemente, Montse escapou e foi difícil mantê-la controlada, até que um veterinário chegou para anestesiá-la e poder devolvê-la ao seu recinto. A mãe adotiva de Montse, Judith Gil, fez contato com o Projeto GAP na Espanha, após ter procurado também zoológicos que poderiam se interessar em receber a Montse.
O Projeto GAP, como lhe corresponde, acionou a SEPRONA (o equivalente ao IBAMA brasileiro), para que se fizesse presente e tomasse as providências imediatas, já que o risco de outra fuga e de um acidente grave eram reais. A SEPRONA visitou a casa de Judith, em teoria assumiu o controle da chimpanzé, já que a mesma não tinha documentos legais de ingresso na Espanha, e começou a procurar um destino. Montse ficou nervosa e começou a se auto mutilar.
Aqui o drama de Montse se junta ao drama da Espanha. Dezenas de primatas e outros animais permanecem no limbo, sem destino, muitas vezes continuam com infratores que os mantinham escravizados, visto que não existe local adequado para abrigar os animais. A Espanha tem dois Santuários pequenos, que não comportam mais primatas e não tem recursos financeiros suficientes para serem expandidos. O Estado Espanhol não tem locais para receber animais selvagens de porte, capturados ilegalmente no país, e depende de zoológicos e dos próprios violadores dos direitos dos animais para mantê-los vivos.
Montse está aguardando um destino, parece que um Zoológico em Sevilla poderá abrigá-la. Judith está disposta a pagar o seu transporte até este local, que são mais de dois mil euros, pois deseja que Montse possa viver num local decente, sem ser explorada como dezenas de outros o são na Espanha e na Europa.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
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