Novos moradores no Santuário de Sorocaba
postado em 15 jul 2011

GAP recebe 34 macacos e um leão

Santuário dos Grandes Primatas em Sorocaba recebe animais apreendidos no zoológico de Niterói (RJ)

Notícia publicada na edição de 15/07/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A – o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.

André Moraes
andre.moraes@jcruzeiro.com.br

Um chimpanzé, um leão e 33 macacos-pregos são os novos moradores do Santuário dos Grandes Primatas de Sorocaba, que é mantido pelo Grupo de Apoio aos Primatas (GAP). Os animais foram removidos do Zoológico de Niterói (Zoonit), no Rio de Janeiro, depois de a Justiça determinar que o local fosse fechado, por conta de maus-tratos e por manter os animais em condições irregulares. O chimpanzé Jimmy, o leão Sansão e os macacos-pregos chegaram a Sorocaba na noite da última quarta-feira e passam bem em suas novas acomodações, segundo o administrador do Santuário, o microbiologista Pedro Ynterian.

O microbiologista conta que há 10 anos luta pela vinda do primata ao santuário, por meio de denúncias pelo local inadequado em que o animal estava hospedado. Ele relata que chegou até a abrir um pedido de habeas-corpus, esperando que a Justiça lhe concedesse esse benefício, já que considera o zoológico como "prisão". "Nunca no mundo alguém usou o habeas-corpus para liberar um animal da prisão", afirma. O pedido judicial foi negado, porém Ynterian revela que uma ação sobre maus-tratos foi aberta, o que causou a interdição de todo o Zoonit.

Jimmy, Sansão e os macacos-pregos chegaram ao abrigo por volta das 19h de quarta-feira, depois de passarem a tarde toda viajando do Rio até Sorocaba. O filho do administrador do Santuário, Lucas André Costa Ynterian, 20 anos, foi até o Zoonit acompanhado de uma veterinária e um tratador para buscar os animais, logo após os agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da Polícia Federal, do Batalhão Florestal e da Advocacia-Geral da União, entrarem no Zoonit para resgatar os bichos que estavam em cativeiro. Jimmy e Sansão foram trazidos em um caminhão-baú e os macacos chegaram ao Santuário pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetras).

O chimpanzé trouxe preocupação ao microbiologista, pois não aparenta características específicas de um animal comum da espécie. "Ele não é um chimpanzé, é outra coisa. Ele é muito parado e os chimpanzés são, geralmente, muito ativos", explica. Jimmy passou toda sua vida em cativeiro, segundo Ynterian. "Ele era de um circo na Itália, que entregou para o Zoonit há 10 anos, pois não podiam mais trabalhar com animais", diz. Em seu novo lar, tudo é novidade: o espaço é bastante grande e ele pôde, pela primeira vez na vida, ter contato com a grama.

Os macacos-pregos chegaram em bando ao santuário, já que são 33 novos moradores do local. Entre eles, há um cego, o único que ainda não estava em sua nova casa. "Nós respeitamos os grupos: os que moravam juntos lá, nós colocamos os mesmos todos juntos, para evitar problemas." Já Sansão, o leão, não é muito receptivo às visitas, pois ao perceber a presença da reportagem perto de sua jaula, logo rugiu. "Não é normal isso, ele deve estar superestressado", ressalta. O microbiologista afirma que o animal não possui muitos anos de vida, porque ele pode estar com Aids. "Mas iremos fazer ainda os exames para confirmar", alega Ynterian.

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