(Esta matéria foi enviada por Mario Carmo, ambientalista e principal dirigente da Associação de Proteção a Fauna Angolana, com quem temos trabalhado no passado)
APFA pretende criar templo no país
Chimpanzés em cativeiro na capital transferidos para santuário sul-africano
Cinco chimpanzés que se encontravam em Luanda nas piores condições seguiram em finais de Novembro último para um santuário na África do Sul, onde chegaram bem e já gozam do prazer de viver em liberdade.Dos cinco chimpanzés remetidos ao santuário sul-africano, contam-se dois bonobos e três chimpanzés trogloditas ou chimpanzés comuns, que se encontravam há vários anos no Clube Hípico, Maquil e Angokunua, em Luanda. Segundo estudos científicos, a espécie bonobo, que reúne 98% do genoma humano, está seriamente ameaçada, correndo mesmo o risco de se extinguir dentro de 20 anos, se nada for feito para protecção daqueles que ainda conseguem escapar à fúria de caçadores furtivos e traficantes de animais.O nosso Governo tem vindo a encarar seriamente a defesa desta espécie, que continua a ser abatida e capturada, principalmente nas regiões de Cabinda e do Soyo, com o intuito de lhes comercializarem os filhos.Um chimpanzé bebé é comercializado em Angola pela irrisória quantia de mil dólares americanos (1.000 USD), podendo atingir no mercado (externo) ilegal de animais 50 a 100 mil dólares para chimpanzés comuns e 150 a 200 mil dólares no caso dos bonobos.Inicialmente, os cinco chimpanzés estavam para seguir para o santuário do GAP, em S. Paulo, Brasil, tendo-se deslocado àquele país irmão uma equipa do Instituto angolano de Defesa da Fauna (IDF), para conversações com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), mas face à demora de uma resposta positiva, levou as autoridades angolanas a optarem pelo envio dos animais para a África do Sul, já que devido à espera prolongada morreram dois chimpanzés.Foi lamentável a morte destes dois animais. O Virgílio, um macho de cerca de 6 anos, que conseguiu sair da jaula onde se encontrava e face ao pânico criado entre as pessoas, a falta de recursos e de alguém disponível com conhecimentos para ajudar a capturar o animal, acabaram por lhe dar uma dose excessiva de valium, o que lhe provocou a morte em poucas horas.O Chico, com cerca de 4 anos, veio a morrer com uma diarreia, situação que não teria acontecido se existisse a possibilidade de lhe ser dada a assistência devida num hospital que reunisse as condições necessárias.Com a ida dos cinco chimpanzés ao santuário sul-africano, está de parabéns o IDF, pelo trabalho desenvolvido no interesse da preservação da espécie, e também a Associação de Protecção à Fauna Angolana (APFA), pela insistência na transferência dos animais.Outros chimpanzés, que ainda se encontram em Luanda e arredores a viverem em contentores, como é o caso da Josefina, uma fêmea de cerca de 12 anos, certamente que vão ter o mesmo destino, pois é desumano aceitarmos que os nossos irmãos mais próximos vivam nessas condições.A APFA –Associação de Protecção à Fauna Angolana, vai fornecer ao IDF a localização de outros chimpanzés que se encontram em cativeiro e que são utilizados como animais de companhia, o que hoje é inaceitável.A Associação de Protecção à Fauna Angolana está também preocupada com inúmeros papagaios cinzentos que são traficados todos os fins de semana na feira do artesanato do Benfica, pois trata-se também de uma espécie ameaçada e que urge proteger.Por todo o país existe um enorme trabalho de mentalização junto das populações em prol da protecção e preservação da espécie animal, seguindo o exemplo dos nossos vizinhos que os mantêm em liberdade, utilizando-os para atrair turistas, fonte de receita considerável e de grande interesse nacional.O Jornal de Angola, que apresenta neste trabalho imagens do processo de transferência dos animais, teve conhecimento que a Associação de Protecção à Fauna Angolana está empenhada na construção de um santuário e que brevemente vai fazer um apelo ao Governo e aos partidos políticos para que seja votada no Parlamento uma lei que proíba a captura e detenção de chimpanzés com pesadas penas para quem o fizer e também para quem os detiver.Este trabalho de transferência de chimpanzés, que teve o seu início com o percurso da “Chimba”, a chimpanzé bonobo que se encontra na Alemanha a que o Jornal de Angola se referiu há cerca de três anoso, tem despertado a consciência dos angolanos para o interesse da conservação e preservação das espécies.
Fonte : http://www.jornaldeangola.com:80/
Nota: O IBAMA, após um ano, nunca respondeu ao pedido oficial do Governo Angolano de enviar aqueles primatas aos Santuários do Brasil