“Na verdade não faz sentido falarmos em raça para nenhum dos povos da Terra. A espécie humana é demasiadamente jovem e móvel para ter se dividido em raças”, explica o geneticista Sérgio Pena, da UFMG, em seu trabalho da origem brasileira, que recolhe uma matéria no Caderno Eu & Fim de Semana do Jornal Valor, Edição n° 345, de 11/05/2007.
No trabalho desenvolvido por Pena junto com a Dra. Maria Cátira Bortolini da UFRGS, a partir da análise de DNA mitocondrial, responsável pela transferência dos dados genéticos das mães para os filhos, e do cromossomo Y, responsável pelos dados paternos, constatou-se que 85% dos negros em São Paulo apresentam características africanas herdadas de mulheres, ante 48% de origem masculina.
Por que esta diferença? Porque as mulheres, apesar de terem sido trazidas da África em menor número, foram amplamente utilizadas como objetos sexuais por homens não negros, sendo as principais responsáveis pela manutenção dos genótipos originários daquele continente na população brasileira.
O geneticista conclui em seu trabalho: “Independente da cor de sua pele, a maioria dos brasileiros tem um grau significativo de ancestralidade africana, européia e ameríndia. Não faz sentido falar em populações de brasileiros brancos ou negros por causa da pobre correlação entre cor e ancestralidade”.