O piloto William Starostik mostra o incrível santuário de chimpanzés que a família mantém em São José dos Pinhais, no Paraná
Foto: O piloto William Starostik e sua noiva, Fernanda Ábila, posam na ponte do mais novo santuário da fazenda
Por Nataly Pugliesi
Dino chama. O piloto de Stock Car William Starostik, 24, atende ao chimpanzé de 8 anos, atrás da grade de um dos três santuários da família do paranaense, em São José dos Pinhais, município localizado a 25 quilômetros do centro de Curitiba. William se agacha, chega perto e Dino puxa com cuidado o braço do paranaense para perto – ele quer ver a tatuagem colorida de um capacete e duas bandeiras no bíceps. Dino passa a mão, realmente intrigado e cheira os dedos, tentando, por todos os meios sinestésicos possíveis, entender o que é aquilo. Todos caem na risada. Ele é um dos simpáticos 18 chimpanzés da fazenda de 220 mil metros quadrados da família Starostik, de propriedade dos avós do piloto, Milan, 84, e dona Anita, 82, que vieram da antiga Tchecoslováquia há 50 anos e adoram os animais do local. ”Caíque é maravilhoso, pois é muito bonzinho”, diz o piloto da Medley/A. Mattheis sobre o maior dos símios do local. Ele assusta, mas é dócil como uma criança.
Amor pelos animais
”Cresci no meio de um monte de bichos e convivi com esses animais maravilhosos”, continua William, ao lado da noiva, Fernanda Ábila, 22, com quem vai se casar no mês que vem. ”Lucas, pare com isso! Não provoque o Caíque!”, diz dona Anita, que é atendida prontamente, impressionando quem vê a cena pela primeira vez. Os animais são tratados como membros da família e têm nomes como Carol, Johnny, Pedro, Matheus, entre outros. São três santuários, cada um com 10 mil metros quadrados, com área de lazer, em que os chimpanzés brincam livremente, e uma área privada, onde dormem. É praticamente um paraíso primata, em que cada um tem seu quarto, sua cama e recebe alimentação diária composta por mingau de aveia e frutas pela manhã e verduras, bananas, caqui, sucos naturais, carnes e picolés durante o dia. O instituto, que tem nome de Anami, sem fins lucrativos, é mantido por recursos da própria família, não abre para visitações e é parceiro do Ibama, que, muitas vezes, leva animais para a família Starostik criar. Há 35 anos eles recebem animais que sofreram maus-tratos em circos e zoológicos ou que são doados por pessoas que não têm condições de criá-los.
Aves e veados
”Este é um lugar onde os chimpanzés podem se aposentar”, explica o piloto, que começou a correr aos 17 e está na Stock Car há três anos. A fazenda conta com uma infra-estrutura invejável, toda automatizada, com cozinha e despensa particular para os animais, seis tratadores, sendo que um deles é veterinário, outro biólogo e um é o administrador. Um dos três santuários, novinho, ainda está vazio. Mas não por muito tempo: cinco macacos estão para chegar de Israel. Na fazenda já houve até parto.s x A chimpanzé Luci deu à luz Noel na véspera do Natal passado e ainda o amamenta. Já Victória está grávida e deve ter seu bebê-chimpanzé em maio. ”Enquanto couber, vamos receber animais que precisam de nossa ajuda!”, diz dona Anita sobre o local, que tem espaço para mais 20. ”Não há dinheiro no mundo que pague isso. É muita alegria!”, comemora seu Milan. No início, a fazenda também recebia onças, leões e ursos. ”Resolvemos ficar só com os primatas porque são inteligentes e nossas paixões”, diz dona Anita. Além dos chimpanzés, eles mantêm mais de 100 aves raras, como araras, tucanos, papagaios, cisnes, flamingos e seriemas, macaco-prego, e ainda um bosque cheio de veados, todos muito bem cuidados.
http://contigo.abril.com.br/reportagem/william-starostik-450313.shtml