No limiar da extinção
postado em 20 set 2012

Era um domingo de céu azul, sem uma nuvem, com um calor de verão em pleno inverno no Santuário do GAP em Sorocaba. Mais de 60 dias sem chuva agrediam a natureza e seus componentes. Alheios a esse drama, mais de 50 maritacas voavam de árvore em árvore, fazendo um barulho ensurdecedor.

No dia anterior, um alarme de incêndio na estrada de terra que margeia o Santuário em seus fundos, perto do recinto de Jimmy e dos bebês chimpanzés, se convergiu para debelar o fogo que se iniciava, possivelmente gerado por uma mão humana sem consciência do mal que poderia acarretar.

Naquele pequeno oásis de área verde que é o Santuário, todo tipo de animais sobreviventes da caça, desmatamento, incêndios e da insânia humana se acotovelam, para ter um destino sem sobressalto.

Este inverno é o mais quente, possivelmente em toda nossa história, no interior do Estado de São Paulo. Aqueles que ainda não acreditam que a mudança climática nos levará a um possível cataclismo neste século podem repensar seu otimismo.

O ser humano está destruindo o Planeta e sua biodiversidade a um ritmo acelerado, sem dó nem piedade. Algumas espécies já estão extintas e outras estão em vias de extinção. Nos próximos 20 anos, não existirão mais grandes primatas em vida livre, assim como leões, tigres, hipopótamos, rinocerontes e muitos macacos menores e aves.

Nenhum programa que existe no mundo hoje é sério demais, nem abrangente e importante o suficiente para conter a devastação que está acontecendo. Os governos, mergulhados em seus problemas político-econômicos, não dão importância para a tragédia que se avizinha e quando acordarem – se o fizerem – será tarde demais.

Aqueles que pensam que exageramos e que nossos temores não têm fundamento, sugerimos dar um passeio pelo interior do nosso Estado, que, como nunca, arde em chamas, descontroladamente, sem que ninguém faça nada sério para impedi-lo ou monte um programa real de proteção ambiental de nossos recursos naturais, para que o próximo ano a tragédia não seja ainda pior.

O desrespeito que praticamos contra a natureza e seus componentes será cobrado em dobro pelas gerações futuras, que deverão tentar sobreviver num Planeta realmente aniquilado por nós, agora.

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional

Fonte:
http://www.anda.jor.br/19/09/2012/no-limiar-da-extincao