National Geographic Afirma
postado em 16 abr 2008

“Chimpanzés quase humanos”

“Jill Pruetz levou quatro anos para fazer com que os chimpanzés de Fongoli aceitassem a presença de seres humanos – algo que os primatólogos chamam de “habituação” – e passou os últimos três verões a observá-los. Ela acompanha os chimpanzés seis dias por semana, desde o amanhecer até o pôr-do-sol.


Não é trabalho nem de longe glamouroso, sobretudo quando se pensa no calor, na sujeira e no cansaço. À noite, a pesquisadora abriga-se num barraco de pau-a-pique que tem como banheiro um buraco no chão partilhado com 30 moradores do vilarejo de Fongoli. No jantar, arroz com molho de amendoim, às vezes painço com molho de amendoim. Quando os chimpanzés perambulam por áreas remotas, Jill retorna ao vilarejo tão tarde que sua porção de comida já foi distribuída entre os cães. Há ocasiões em que, em vez de caminhar os 8 quilômetros de volta a sua base, ela prefere se deitar no chão da savana e dormir (ou então tirar uma soneca em algum ninho abandonado pelos chimpanzés). Além disso, até o momento, ela contraiu malária sete vezes. 


No entanto, não é nada fácil encontrar alguém que aprecie tanto o que faz quanto Jill. Neste exato momento, ela está sentada no chão, tomando notas com uma das mãos enquanto a outra enxota as abelhas atraídas pelo sal presente no suor. No pé, uma bolha arrebentou no calcanhar e o sangue manchou-lhe a meia. No entanto, ao conversarmos com a pesquisadora, é como se estivéssemos no melhor dos mundos. “Às vezes, diz ela, coçando uma picada na pele, “tenho medo de acordar e descobrir que tudo isso não passa de sonho.” Os resultados que ela obteve até agora são impressionantes. Além de usar ferramentas para caçar, os chimpanzés de Fongoli apresentam outros comportamentos inusitados: banhos de imersão em nascentes d’água, descansos em cavernas para escapar ao calor da tarde.


Com 63 quilômetros quadrados, a região de Fongoli é o maior território já estudado de um grupo de chimpanzés habituado aos seres humanos. (Para ter uma idéia, os chimpanzés observados por Jane Goodall, em Gombe, viviam em um âmbito de 13 quilômetros quadrados).”


O relato anterior encontra-se na Revista National Geographic em português, edição  de abril deste ano. A primatóloga Jill Pruetz mostra ao mundo um grupo de chimpanzés que anda no chão, não em árvores, já que vivem na floresta do Senegal, o país mais ao norte da África que possui chimpanzés em vida livre. As descobertas e as observações de Jill – que é a Jane Goodall do século XXI – mostrando ao mundo a nova cultura destes chimpanzés, que tem se adaptado a viver em uma área, onde a comida é mais escassa, a segurança é frágil, e onde devem ser mais criativos para sobreviver, os aproxima ainda mais da nossa humanidade.


Ver também este vídeo http://www.youtube.com/watch?v=B3CURpMSXWk


Nossa tese de que os chimpanzés são humanos a cada dia é mais provada pelos fatos e observações de diversos pesquisadores. Apenas cinco anos atrás sonhar que uma revista da credibilidade da National Geographic pudesse fazer uma matéria com um título como este, considerando os chimpanzés quase humanos, era inimaginável.


A todos os interessados recomendamos a leitura integral da matéria.


Dr. Pedro A. Ynterian
Projeto GAP Internacional 
Notícias do GAP 16.04.2008