Há um mês atrás, de forma surpreendente, já que ninguém esperava, Lulu estava com um bebê chimpanzé fêmea em seu peito, e os outros chimpanzés que vivem com ela, ao seu redor.
Achamos que o bebê era prematuro, pois não parecia que Lulu estava grávida, apesar de ter grande porte, não era visível a sua gravidez. Lulu tinha dado a luz a um bebê há dois anos atrás, nesta mesma época, quando ainda não morava no Santuário.
Como é nossa política, deixamos o bebê com ela, o qual denominamos Vitória, por ser o primeiro bebê nascido no Santuário e para ela, que já tinha perdido tantos outros tirados por humanos, era uma vitória tê-lo e ser o primeiro a ficar com ela. Lulu não sabía carregar o bebê e não parecia ter leite suficiente. De todas as formas, como um exemplo para todos deixamos que a Mãe Natureza decidisse o que seria melhor, e não interferimos na relação mãe/ bebê. Se tirássemos o bebê dela para examiná-lo e alimentá-lo, depois seria difícil retorná-lo, além de que o leite possivelmente desapareceria.
Separamos Lulu do resto da comunidade de chimpanzés, para que pudesse cuidar do bebê sem riscos, já que outras fêmeas às vezes tentam pegá-lo, e então poderiam machucá-lo. Certa manhã, uma semana após o seu nascimento, o bebê morreu nos braços de Lulu. O desespero dela quando percebeu que o bebê morreu era similar ao de uma mãe humana que passa por esta dolorosa experiência. A deixamos com o bebê morto durante todo este tempo; já tem mais de 30 dias e ela não larga o bebê. Uma prova palpável da barbaridade que os humanos fazem quando arrancam um bebê de uma mãe chimpanzé, é como se tirassem uma parte dela.
Lulu hoje é uma chimpanzé que confia mais nos humanos, e que se relaciona melhor com todos nós, já que agora ela sabe que NÓS NUNCA vamos tirar um bebê dela. Tanto no nascimento como na morte de Vitória, será um fato inesquecível na vida de toda a comunidade do Santuário, pois significa a VITÓRIA da razão frente a barbárie que alguns seres humanos praticam neste mundo.