O Ministério Público abriu um inquérito para investigar as mortes dos tigres-de-bengala Dandy e Maya no Zoológico de Brasília. O casal de irmãos era criado em cativeiro e morreu no intervalo de uma semana após uma transfusão de sangue e uma cirurgia no útero, respectivamente (veja detalhes abaixo).
Além de investigar supostas irregularidades na gestão do espaço, o inquérito quer ouvir servidores do zoo e técnicos que participaram do atendimento aos animais. O documento – publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (16) – deu um prazo de 15 dias para a Fundação Jardim Zoológico prestar esclarecimentos.
Para a Promotoria de Defesa do Meio Ambiente (Prodema), houve “provável negligência no trato, atendimento, transferência de recintos e monitoramento dos animais”. Segundo o texto, a perda dos dois tigres pode “decorrer de negligência, imprudência e imperícia dos agentes públicos”.
Em nota, a direção do zoológico disse “estar ciente” do inquérito e afirma que os profissionais envolvidos nos procedimentos estão “prestando todos os esclarecimentos necessários para a investigação”.
Outras providências
Na portaria, o MP solicita que profissionais do Conselho Federal de Medicina Veterinária deem auxílio técnico na análise dos casos e pede à Secretaria de Meio Ambiente do DF que apresente as providências adotadas, neste ano, pelo zoo para que fossem evitados mais mortes de animais, em especial os de médio e grande porte.
Ao longo do processo, após a notificação do zoológico e o envio de documentos, o MP vai iniciar a oitiva de testemunhas e, se encontradas irregularidades no atendimento aos animais, uma Ação Civil Pública pode ser aberta na Justiça.
A investigação também pode resultar em um recomendação ou na assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Mortes dos tigres
Dandy
A morte de Dandy, o macho da espécie, foi comunicada pelo Zoológico de Brasília em 2 de outubro. O animal tinha 10 anos e morreu dias antes, em 29 de setembro.
Em nota de pesar, a entidade afirmou que o tigre acordou apático e, mesmo após ser atendido pela equipe médica, não resistiu. Ele passou por um procedimento para doar sangue à fêmea da espécie que vive no local, Maya.
De acordo com o zoo, apenas um litro de sangue foi retirado. Exames mostraram, depois, que o tigre estava com insuficiência renal.
Maya
Já a tigresa foi diagnosticada com uma infecção no útero e precisou passar por cirurgia. De acordo com os veterinários, o procedimento correu bem. Dois dias depois os pontos romperam e Maya teve que passar por outra cirurgia para reparo do trajeto intestinal e não resistiu.
Outras mortes
O Zoológico de Brasília registrou, ao menos, seis mortes de animais de grande e médio porte no último ano. Em março de 2018, uma adax fêmea – espécie de antílope do norte da África – morreu na unidade. Gaia tinha 2 anos e meio e fazia parte do programa de conservação da espécie.
A girafa Yvelise, de 7 anos, também morreu no espaço, durante uma cirurgia veterinária. Segundo a instituição, a causa foi um distúrbio intestinal que provocou a torção do órgão e a necrose das células. O tempo médio de vida das girafas é de 15 a 20 anos.
O elefante Babu morreu, aos 25 anos, em janeiro do ano passado. O primeiro laudo da necrópsia apontou que a causa da morte foi uma inflamação no pâncreas. Este ano, um relatório confirmou que infecção no fígado (hepatite) fez animal se retrair, prejudicando circulação de sangue.
Fonte: https://olharanimal.org/mp-investiga-mortes-dos-tigres-dandy-e-maya-no-zoo-de-brasilia/