Depois de Jane Goodall, talvez a primatologa mais conhecida na atualidade no mundo dos chimpanzés, era a Dra. Carole Noon. A conhecemos 8 anos atrás no Santuário que ela iniciava em Fort Pierce, Florida, com uma vintena de chimpanzés procedentes do Programa Espacial norte-americano.
Quando a Força Aérea Norte-americana encerrou o uso absurdo de chimpazés para viagens espaciais, e os aposentou, Carole Noon solicitou que os entregassem, porém a Força Aérea prepotente não quis. Ela entrou na Justiça e conseguiu recebe-los. Arrumou dinheiro e construiu o primeiro recinto em uma área desolada de Fort Pierce, onde formatou sua primeira ilha. Hoje já tem 12 ilhas e mais de 200 chimpanzés, e quando terminar a migração do Novo México, terá mais de 300.
Nós temos quase 50 chimpanzés e sabemos o que esses números significam e ainda mais nos Estados Unidos, onde tudo é mais complicado, mais caro, e não existem leis que protegem os grandes primatas.
Estivemos lá no fim de 2008. A maravilha de santuário que Carole Noon construiu não tem paralelo no mundo, já que ela estava administrando chimpanzés que tinham sofrido as mais espantosas experiências médicas que um ser pode sofrer, e eram a maioria, sobreviventes que passaram anos em gaiolas de cimento sem ver a luz do sol. A maioria com tremendos problemas de comportamento e psicológicos, além dos físicos e fisiológicos, pelas dezenas de doenças e produtos químicos que inocularam, e biópsias realizadas em seus corpos indefesos.
Conversamos pouco com ela já que estava com visita marcada, e nós estávamos com pouco tempo. Mostramos fotos do nosso santuário e demos uma ajuda econômica do Projeto GAP para ela continuar tocando seus projetos. Quando estivemos lá, a primeira vez ela morava em um trailer no santuário, agora já tinha construído uma casa, junto às ilhas e praticamente morava junto com seus amados chimpanzés, que poderia escutar com suas vocalizações dia e noite.
Jen Feuerstein é agora a Diretora Interina, e ela declarou que os esforços continuariam, apesar da crise, para terminar com a migração dos chimpanzés que ainda restam na ex-Fundação Coulston, no Estado do Novo México, para o santuário que agora deveria se chamar CAROLE NOON, em homenagem a esta mulher brilhante, forte, guerreira, porém que quando falava de chimpanzés, era meiga e doce, já que todos eram seus filhos.
Carole Noon morreu no último fim de semana, de uma doença terminal não revelada, contra a qual lutou apenas a poucos meses atrás. Os chimpanzés do mundo perderam sua maior defensora, porém sua obra e seus ensinamentos ficarão para muitas gerações de primatólogos, que sem dúvida seguirão seus passos.
Dra. Carole Noon, que em Paz Descanse!
Os chimpanzés do mundo, junto com aqueles que a conheceram, choram sua morte!.
Dr. Pedro A Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional