LUTO
Em uma época em que o filme King Kong era referência em gorilas, Koko transformou a visão das pessoas com seu carisma, inteligência e empatia.
21/06/2018 às 13:00
Por Eliane Arakaki, ANDA
A gorila Koko, famosa por seu extraordinário domínio da linguagem de sinais faleceu ontem (20). Uma prova viva da capacidade de aprendizagem e inteligência dos animais, Koko esteve na vanguarda de um novo modo de ver e se relacionar com os gorilas. Além de se comunicar, ela também era capaz de demonstrar empatia.
A doçura, criatividade, pureza e inteligência de suas interações divulgadas em vídeo pela Dra. Patterson – sua orgulhosa professora de linguagem de sinais e fundadora da Gorilla Foundation – da mesma forma que nos encantam, nos fazem sorrir involuntariamente e prendem nossos olhos enquanto nos fazem questionar a forma como enxergamos os animais.
Ela aprendia muito rápido e usava os sinais para pedir o que desejava, disse a Dra. Patterson. As duas passavam tanto tempo juntas que o laço entre elas era de mãe e filha, declara a psicóloga.
Koko, que saiu na capa da National Geographic duas vezes, faleceu dormindo aos 46 anos, no centro de preservação da própria instituição, anunciou a Gorilla Foundation.
Entre seus amigos famosos, Koko podia contar Robin Willians e Flea, baixista do Red Hot Chilli Pepers. Ela recebeu a visita de ambos em sua casa na Califórnia.
O baixista até entregou seu baixo a curiosa primata, que prontamente começou a dedilhar as cordas do instrumento, e até pareceu conseguir um riff ou dois.
Robin Willians a visitou em 2001 e os dois trocaram carícias, conversaram bastante e se tornaram amigos. Na ocasião Koko pegou os óculos do ator e experimentou em si mesma, pediu que ele lhe fizesse cócegas e pegou sua carteira de seu bolso, se divertindo com o conteúdo dela. Willians confessou estar surpreso com a interação e muito emocionado: “Nós dividimos algo extraordinário ali, foi incrível e inesquecível”, disse ele, “Koko entende os conceitos, de riso, vida, amor e até morte”, completou o ator.
Ao saber de sua morte em 2014, Koko demonstrou tristeza e apatia.
“Koko tocou a vida de milhões de pessoas como embaixadora de todos os gorilas e foi um ícone para comunicação e empatia interespécies. Ela foi muito amada e fará muita falta”, disse a fundação.
“Seu impacto foi profundo e o que ela nos ensinou sobre a capacidade emocional dos gorilas e suas habilidades cognitivas continuará a moldar o mundo”.
Nascida no zoológico de São Francisco em 1971, Koko era uma gorila da planície ocidental, e começou a aprender a linguagem dos sinais com a Dra. Patterson apenas um ano depois.
Foto: AP
Foi divulgado que Koko conhecia mais de 1.000 sinais, usando uma versão modificada da American Sign Language para se comunicar com humanos, e podia entender mais de 2.000 palavras faladas em inglês.
Foto: Ron Cohn
A fundação Gorila declara que vai continuar honrando o legado de Koko: “Vamos iniciar e seguir com diversos projetos, incluindo esforços de conservação na África, o santuário em Maui e uma aplicação de linguagem de sinais com Koko como estrela que beneficiará gorilas e crianças”, disseram em nota.
Fonte: ANDA