Mônica, a inteligência em pessoa
postado em 05 set 2007

Mônica é uma chimpanzé fêmea de 9 anos de idade, tempo este sempre (sobre)vivido em um circo. Hoje ela está muito bem adaptada à vida no Santuário, onde pode interagir com seus semelhantes, além de não ser mais obrigada a nada, sendo dona de si mesma, fazendo apenas o que tem vontade, sendo respeitada, sem ser abusada e explorada. Ela também é muito inteligente, e dotada de uma agilidade sem igual.
Certo dia, ao visitá-la, levei um livro ilustrado sobre chimpanzés e mostrei-a uma foto onde um desses chimpanzés usava uma ferramenta para caçar formigas e cupins. Na ocasião, a foto mostrava apenas um punho fechado segurando esse graveto por onde se via duas formigas caminhando. Não gesticulei nada, apenas apontei a foto e expliquei verbalmente como se fazia aquilo. Logo após terminar minha fala, Mônica voltou seu olhar para mim, virou as costas e foi até o gramado. Para minha surpresa, instantes depois ela voltou com um pedaço de capim, retirando as folhas laterais e passando-o para mim pela janela, direcionando-o a minha boca, assim como expliquei a ela. Notando sua sabedoria, ainda que espantando com essa atitude, disse a ela que não poderia usar essa ferramenta pois não havia um formigueiro por perto. Então, perguntei a ela se havia algum perto dela e, mais uma vez me surpreendendo, ela se virou de imediato e começou a olhar pelo gramado. Como não achou nenhum, voltou sua atenção ao livro.
Essa atitude de compreensão e inteligência mostrou uma vez mais, que a similaridade para conosco não se resume apenas aos 99,4% da carga genética, mas sim ao fato de que todos somos primatas. E como tal, com direitos iguais à vida, à liberdade e a não tortura!
Luiz Fernando Leal Padulla
Biólogo
Santuário GAP/Sorocaba