Mergulho no Interior de Angola
postado em 11 abr 2007

O Projeto GAP tentou um ano atrás ajudar Angola, país irmão africano, com profundas raízes ancestrais conosco, que estava saindo de uma guerra de 30 anos contra forças internacionais que ameaçavam suas extraordinárias riquezas naturais, na área de Fauna e Meio Ambiente, porém a falta de sensibilidade do Estado Brasileiro, abortou nossa intenção.

Aqui reproduzimos um pequeno relato de um viajante que em 2005 fez uma viagem por 600 km desde a capital Luanda até a fronteira norte do país. O relato aparece na Revista Planeta de abril 2007 – Edição 415 Ano 33 (www.revistaplaneta.com.br) em uma ampla matéria dos angolanos no Brasil. Ajudar Angola a preservar sua riqueza natural é um dever de todos os brasileiros.

“Há poucos meses visitei o interior de Angola. Ao longo da rodovia, muito precária, seguimos 600 quilômetros para o Norte, beirando o litoral. Encontramos muitos vilarejos esquecidos pelo tempo. Conheci uma senhora em uma pequena casa de barro que na sua panela só tinha água para ferver. A paisagem era incrível, praias lindas e desertas. Dava até para ouvir o barulho das ondas em alguns trechos, e tudo inexplorado. Muitas vezes tivemos de parar a caminhonete para esperar uma manada vagarosa de elefantes atravessar à estrada.

Ao longo do caminho, o que me chocou foi a quantidade de tanques de guerra abandonados, enferrujados pela maresia. Ainda dava para ler na lataria : “Engesa”. Nos trechos cobertos por uma floresta fechada idêntica à Mata Atlântica, vimos macacos de todos os tamanhos. Nos campos mais planos, eram as girafas que corriam em pequenos grupos. Os javalis me assustaram um pouco, têm chifres enormes.

Nas vilas de pescadores vi, várias vezes, aquele conhecido sorriso africano, a mostrar que alguma coisa boa ainda está para acontecer, apesar de tudo. Mas, atrás dos largos sorrisos, senti também as profundas feridas da guerra. Grupos de crianças caminhavam pela estrada carregando enormes latas de óleo ou de leite em pó nos braços: elas serviriam de bancos nas salas de aulas. Pelo caminho encontramos dezenas de escolas em ruínas. Eram os restos da guerra que, felizmente, terminou.”