07/11/2012 – 08:30
Após duas negativas iniciais, órgão ambiental federal aprovou ontem o terceiro projeto encaminhado pela organização do festival
Depois de quase dois meses e dois projetos negados, enfim, os organizadores do Dream Valley Festival conseguiram convencer o Ibama de que a festona que trará DJs do mundo todo pra Penha não trará riscos aos mais de 700 animais de diferentes espécies que vivem no zoológico do parque Beto Carrero World, onde o bate-estaca vai rolar (ACONTECER – ) nos dias 16 e 17 de novembro. A peãozada já está levantando a estrutura da rave, que ficará mais distante do zoo.
Ontem, o órgão federal liberou parecer favorável ao festerê (FESTA – Solenidade, comemoração, cerimônia em regozijo por qualquer fato ou data.), impondo pra isso algumas restrições que não foram divulgadas. O Ministério Público (MP), através da 2ª Promotoria do Meio Ambiente da Penha, promete analisar bem o documento pra saber se ele tem fundamento, uma vez que outros dois projetos já haviam sido negados pelo Ibama por representarem risco de vida pros animais.
O superintendente interino do Ibama em Santa Catarina, Marcos André de Mello, explica que o parecer técnico do órgão foi favorável à realização do evento no estacionamento do kartódromo do parque, a cerca de 500 metros do zoológico – 300 metros mais longe de onde seria o batidão no projeto inicial.
Marcos ressalta que, após analisar o terceiro projeto, o Ibama decidiu pela liberação, mas lembra que cabe recurso de qualquer entidade ou pessoa que seja contrário ao evento. “A festa foi liberada, sob algumas condicionantes que estão no parecer. O parecer está no setor técnico para as últimas averiguações, mas garanto que os técnicos do Ibama vão estar na festa e também nos dias que a antecederem, pra verificar se está tudo nos conformes do parecer”, avisa Marcos.
A reportagem passou a tarde de ontem tentando conversar com Eduardo Philipps, diretor da Green Valley, uma das organizadoras do festival, mas ele ora estava com o telefone desligado ou então não atendia as chamadas. Também foi feito contato com a assessoria de comunicação da empresa, que solicitou perguntas por e-mail, mas que não foram respondidas.
Revoltado com a decisão
O empresário e microbiologista Pedro Alejandro Ynterian, radicado em São Paulo e presidente do Projeto GAP Internacional, movimento de defesa dos direitos dos grandes primatas, considerou um absurdo o Ibama aprovar a festa. Sua argumentação consiste no fato de que a audição dos animais selvagens é muito delicada, infinitamente mais sensível que o ouvido humano. Esses bichos escutam sons a quilômetros de distância e, segundo Pedro, podem perder a estabilidade mental e até morrer, especialmente os felinos e primatas, como leões e macacos.
“Como é possível pensar que um som daquele nível não vai perturbar e até causar a morte de alguns por estresse?”, questiona, pra em seguida dizer que o mais lamentável é que a direção do parque, que mantém o zoológico, conhece os riscos em que vão colocar os animais, mas não se pronuncia e permite que um festival deste porte seja realizado em suas dependências.
A reportagem tentou conversar com os veterinários e biólogos do parque Beto Carrero. A assessoria de comunicação do parque informou que ninguém iria se manifestar sobre a festa.
Fonte: http://www.diarinho.com.br/materias.cfm?caderno=25&materia=56345