Ham: 50 anos do primeiro voo no espaço
postado em 01 fev 2011

MORREU IGNORADO POR TODOS

Ham, ou mais conhecido como o n° 65 na Força Aérea Norte-americana, foi arrancado do peito de sua mãe, na República dos Camarões, em algum momento do ano 1959, quando tinha menos de dois anos de idade. Depois foi enviado por traficantes a uma fazenda de Aves Raras em Miami (Miami Rare Bird Farm).

A Força Aérea o comprou meses depois e o enviou a Base Aérea de Holloman em Alamogordo, onde começou o martírio de sua vida com a justificativa de poupar as vidas de futuros astronautas norte-americanos. Ham era a cobaia e como tal foi usado. Só com três anos e meio de idade – um bebê que deveria estar mamando no peito da mãe – foi enviado numa cápsula ínfima ao espaço a 200 km da Terra, a uma fantástica velocidade de mais de 7.000 km por hora durante 16,5 minutos.

Ham tinha sido treinado para dirigir seu veículo de transporte, onde passava grande parte do dia em treinamento. Ham fez tudo com perfeição. Após o vôo, caiu no mar a 170 km da base de lançamento, de onde foi recuperado após várias horas em bom estado de saúde, porém profundamente horrorizado com a experiência que tinha vivido de velocidade fantástica, falta de gravidade e aterrisagem no meio do oceano até ser resgatado.

Uma foto histórica mal interpretada pelos que desconhecem os gestos e a expressão de emoções dos chimpanzés foi confundida com um sorriso, quando o que mostrava era pânico e angustia pelos momentos vividos. Ham foi um dos poucos que se salvou de anos a fio de experiências médicas invasivas. Ele foi transferido para o Zoológico National em 1963, onde morou 17 anos sozinho, sendo posteriormente enviado ao Zoológico de Carolina, onde conseguiu viver com outros chimpanzés e morreu jovem aos 26 anos de idade – 22 anos após sua viagem espacial.

Uma década atrás, a dra. Carole Noon conseguiu salvar alguns daqueles infelizes das mãos da Força Aérea Norte-americana pela via judicial. O Santuário Save the Chimps fez uma homenagem no dia 31 de janeiro passado a Ham e a todos os seus companheiros, incluindo Enos, o primeiro chimpanzé a orbitar a Terra, e Minnie, que deixou dois filhos – Rebel e Li’L Mini moram no Santuário.

A diretora deste Santuário, Jen Feuerstein, destacou a barbaridade cometida com aquele grupo de chimpanzés bebês, já que  em 31 de janeiro de 1961 Ham era um bebê de 3 anos e meio, que deveria estar no colo de sua mãe e não sofrendo aquela experiência aterrorizadora.

Como falou um dia a Dra. Carole Noon, “aqueles chimpanzés serviram bravamente o nosso país. Eles são heróis e veteranos”. Porém, foram tratados como meros objetos da absurda corrida espacial na qual as grandes potências naquela época estavam engalfinhadas para mostrar seu domínio e poder.

Ham, ou mais conhecido cruelmente como n° 65, e seus companheiros salvaram a vida de muitos humanos nos projetos espaciais. Lástima que ninguém se recorda deles, continuam sendo massacrados e sem direitos nesta nossa sociedade chamada “humana”, a qual eles serviram e por ela deram suas vidas.

Dr. Pedro A Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional