1) OS PASSEIOS NA MATA COM DIAS CONTADOS TEMPORARIAMENTE.
Já faz duas semanas que estamos regulando os passeios na mata com o grupo de Guga. Duas semanas atrás, Guga andou pela estrada em direção ao Santuário e sumiu. Nós fomos na Kombi com o resto do grupo e também pegamos a estrada de volta. O encontramos confraternizando pela janela externa do recinto, com Gil (fêmea, 12 anos, que anda em dois pés o tempo todo) e Jango (macho, 20 anos, castrado e sem dentes, tirados no Circo). Nós levamos o grupo de volta ao Santuário e retornamos para pegar Guga, depois que brincou bastante com seus amigos. Ele me pedia para entrar no recinto, porém eu não aceitei, já que não sabia a reação de Gil e Jango.
Desde esse dia, mudamos a rotina. Eu ficava com eles no meio da mata, perto do rio, o tempo todo e quando subíamos pela estrada, a Kombi já estava pronta para voltar. Ele percebeu o plano. No último sábado, dia 25 de fevereiro, ele brincou comigo no rio, fingiu que estava ligado nas brincadeiras e quando decidimos voltar, ele foi na frente, quando chegamos na estrada, ele sumiu, nem o tratador que nos esperava lá encima, o viu. Começamos a procurá-lo por todo lado na mata e não apareceu. Decidimos voltar, deixar o resto do grupo e procurá-lo. Quando passamos de volta pelo recinto de Gil e Jango, escutamos uma gritaria, paramos e fomos conferir, Guga estava lá dentro.
Guga que já é um adolescente, está apaixonado pela Gil, que tem um cio que chama atenção dos machos. Ele tinha subido pela escada até o muro do recinto e pulado 4 metros e meio de altura, e estava enamorando a Gil, e sendo perseguido por Jango, que estava com ciúme.
Consegui tirá-lo de lá com muito esforço e o levei para o seu recinto. Agora ele só poderá voltar com o grupo na mata, quando fecharmos a estrada com um portão, que já era um projeto que tínhamos e que agora vamos acelerar.
2) ENSINANDO HUMANOS:
Nos dias 27 e 28 de fevereiro, recebemos a visita do meu filho maior, Pedro G. e de sua esposa, Cecília, que moram nos Estados Unidos, e há mais de 5 anos que não nos visitavam, e não conheciam Guga, que tem 6 anos e meio. Junto com nossos filhos Aline e Lucas, e o cunhado do meu filho, fomos na mata com Guga, fizemos a trilha pelo rio; ele cuidou de todo mundo, que tinha dificuldade de andar em uma mata mais fechada. Quando voltamos ao recinto dele, continuamos brincando com ele. Minha filha Aline subiu na plataforma em que os chimpanzés brincam, com dificuldade e depois tinha medo de descer pela rampa que dá acesso a mesma, já que é bem inclinada.
Eu subi e desci a metade da rampa para provar para ela que podia descer em dois pés sem problemas, quando Guga entendeu o medo dela, ele subiu na plataforma e desceu pela rampa em dois pés, mostrando para ela como devia fazer, e ela o seguiu. Guga entendeu o problema e mostrou a solução, o que sinaliza o grau de raciocínio que ele tem adquirido em sua interação com humanos.
Dr. Pedro A. Ynterian