Governo do Congo devolve aves a traficantes
postado em 01 dez 2010

ESCÂNDALO NO CONGO

Em setembro passado, a autoridade Congolesa Ambiental (ICCN) confiscou no aeroporto 523 papagaios cinza (a ave considerada mais inteligente no mundo), que estavam prontas para serem enviadas a um traficante de aves em Singapura, sem a documentação apropriada. As aves foram enviadas, em caráter emergencial, ao Santuário de Grandes Primatas de Lwiro, que teve de improvisar o atendimento dessa grande quantidade de papagaios, que não é a especialidade deles. Apesar do esforço, morreram 33 aves, pois as mesmas estavam pessimamente acondicionadas em gaiolas precárias.

No dia 22 de novembro, o Ministério de Meio Ambiente do Congo, em forma surpreendente, entrou no Santuário, colocou as 490 aves sobreviventes nas gaiolas originais e as enviou ao aeroporto da capital, Kinshasa, devolvendo-as ao traficante congolês, que estava fazendo a operação com os traficantes de Singapura.

Tanto a PASA – Aliança de Santuário Panafricanos – como a organização World Parrot Trust (WPT), que trabalharam juntas neste resgate, emitiram o alerta da ação tempestiva, violenta e ilegal do Ministério de Meio Ambiente Congolês. O Goervneo colocou em risco a vida de centenas de papagaios, que já estavam recuperados e prontos para serem libertados na natureza.

Ambas organizações enviaram comunicados às autoridades CITES no Congo e em Singapura sobre a chegada iminente desse carregamento, que não tem a permissão oficial para sair e entrar em ambos países.

Os papagaios cinza estão sendo capturados na floresta a uma velocidade impressionante, destruindo sua presença numa taxa de 21% ao ano, o que torna iminente a sua desaparição da vida livre em poucos anos mais se não forem tomadas medidas urgentes tanto na África como nos países receptadores dos mesmos, e nos “pet shops” que os vendem, inclusive os do Brasil.

O diretor executivo da PASA, Doug Cress, declarou: “A PASA está escandalizada pela forma que o Governo da República Democrática do Congo retirou estes papagaios de um santuário membro desta organização. Não fomos informados com antecedência, nem deram explicações. Resgatamos e reabilitamos espécies importantes, porém, não fazemos isso para enriquecer traficantes. Condenamos esta ação e faremos tudo o que for possível para impedir que este carregamento de aves deixe a África”.

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional

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